2004-07-25

Ondas não derrubam Paredes

Para ele todos os superlativos convergem: o maior guitarrista português, o mais genial compositor, o mais virtuoso executante, o mais inspirado intérprete. Tão grande quanto o talento só a modéstia. Carlos Paredes, funcionário administrativo, músico nas horas vagas, que gostava de hambúrgueres do McDonalds, de ler BD e tratava toda a gente por «o meu amigo». Esta é a sua história, em ano de muitas homenagens a uma das Paredes mestras da nossa cultura
Ana Margarida de Carvalho / VISÃO nº 521    27 Fev. 2003

Usa-se o pretérito imperfeito e parece estranho. Torna-se desconfortável, quase cruel. Não é habitual aplicar este tempo verbal a alguém que continua vivo. E, no entanto, não pode deixar de ser. Carlos Paredes tocava. As doze cordas da guitarra portuguesa, e a alma, bem lá no fundo, de quem o escutava. Desde há dez anos que todos os elogios soam a póstumos, todos os depoimentos sugerem encomendas fúnebres e todas as homenagens parecem a última. Desde há dez anos que o músico está acamado num lar de Campo de Ourique, a extinguir-se lenta e silenciosamente de uma doença neurológica que lhe afecta a espinal medula. Este é agora o seu Dó Maior.
Emparedado no seu próprio mundo, às vezes abrem-se brechas, fissuras de lucidez, alguns monossílabos, poucos sorrisos para os poucos que ainda o visitam. Completamente dependente, faltam-lhe forças até para segurar a colher. Manifesta-se com apertos de mão, com um olhar mais iluminado, despertam-se-lhe alguns sentidos, alguma lembrança fugaz lhe assoma ao espírito, memórias furtivas, reconhece alguém, emociona-se - mas depois esquece.
«O estar bom no caso dele é não estar pior. A doença entrou num processo irreversível, não há nada que se possa fazer por ele fisicamente, nenhum medicamento caro que se possa comprar», diz Luísa Amaro, acompanhante na viola e na vida, visita de quase todos os dias. Apesar de tudo, «está em estado de graça», não tem sofrimento físico. Há tempos fê-lo ouvir o disco de Gonçalo Pereira. «Então, aprova?» Carlos Paredes nunca gostou de imitações, acha que não têm valor nenhum, mas aprecia as recriações, a sua música reaparecida sob outras respirações, outras formas de sentir. «Aprovo», conseguiu responder. Quando há dias lhe foram mostrados recortes de jornais que descreviam o recente concerto (Mário Laginha, Ana Sadio, Jorge Gomes, entre outros) de comemoração do seu 78.º aniversário - que aconteceu na primeira escola que frequentou, o Jardim-Escola João de Deus, em Coimbra, cidade berço -, dois sorrisos raros atravessaram a cara do mestre.
«Apesar de tudo, vale a pena. É tão importante que se façam estas iniciativas, esta passagem da sua música para as novas gerações, enquanto ele está vivo. Agora é que é importante, não depois de morto. Afinal, com tantos anos de silêncio, ele tem-nos dado a oportunidade de lhe agradecer», continua Luísa Amaro. Durante o concerto, numa das paredes do jardim-escola pontificava uma foto de dois metros (a mesma, que abre estas páginas). Dizia-se entre a assistência que «se sentia a presença de Carlos Paredes»...
E este foi o primeiro dos muitos «presentes» que a Comissão Movimentos Perpétuos pretende oferecer a Carlos Paredes ao longo de 2003. Presentes especiais, «que o façam sentir como ele é - único». Cerca de cem artistas de várias áreas vão «retribuir-lhe movimentos perpétuos». Pretextos para evocar a obra? Como se fossem precisos pretextos para lembrar a música de Carlos Paredes.
Paredes com um homem dentro
O pequeno Carlos nasceu (16 de Fevereiro de 1925) umbilicalmente ligado à guitarra portuguesa. Uma espécie de profecia genética em curso, desde há cinco gerações. O pai Artur tocava, o avô Gonçalo tocava, até a mãe Alice, melodias simples para o adormecer. «A guitarra costumava estar sempre pendurada a um canto da sala lá de casa.» Artur Paredes, empregado bancário e músico amador, foi quem conferiu autonomia de solista ao instrumento. A guitarra portuguesa emancipou-se enfim daquele triste fado, o de ser sempre subalterna, a segunda voz, eterna acompanhante. Ganhou estatuto de protagonista. Não na linha piegas e lamurienta de algum fado de Lisboa, a guitarra de Coimbra mostrou que também conseguia exprimir rebelião, força e até «uma violência tremenda». Conta Octávio Fonseca Silva na biografia Carlos Paredes, a Guitarra de um Povo (Mundo da Canção), que Artur Paredes afinava as cordas um tom e meio abaixo das guitarras de Lisboa. Carlos Paredes bebeu a experiência paterna e no álbum Espelho de Sons (1988) chegou a afinar dois abaixo.
Os Paredes tinham, de facto, ouvido - no caso de Carlos ele era absoluto. A ponto de a mãe (professora liceal) ter encaminhado o filho para instrumentos mais nobres como o violino e o piano. Na altura, a família já estava definitivamente instalada em Lisboa. A professora de violino insistia para que o jovem largasse a guitarra porque ela lhe causava desequilíbrios na técnica. Afinal, foi o violino que Carlos Paredes abandonou, não sem antes colher daquelas aulas a formação teórica e clássica. «Evitei ser um violinista medíocre e posso ser um guitarrista aceitável», era o máximo até onde a sua incontida modéstia lhe permitia ir.
Principiante naquele desvendar da teia das cordas, Paredes tinha em casa o melhor dos mestres. No entanto, o pai limitou-se a ensinar-lhe como segurar no instrumento e algumas posições. Daí para a frente, Carlos partiu à descoberta. Aos 14 anos acompanhava Artur Paredes num programa semanal da Emissora Nacional. Às vezes tinham desentendimentos musicais. «O meu pai chamava-me péssimo acompanhador, porque o fazia andar atrás de mim.»
Não terá sido fácil ao jovem músico libertar-se da figura tutelar paterna. Costumava dizer que o pai Artur tocava o Mondego, enquanto ele Carlos tocava o Tejo. O primeiro disco a solo chegou tardiamente, muito depois de ter alcançado a maturidade artística, aos 37 anos. Poucas obras surgiriam desde então, muitas mais caberiam em quase cinco décadas de carreira.
Com um grau quase missionário de generosidade, Carlos Paredes aceitava tocar nos sítios mais remotos, nas mais inimagináveis condições acústicas, exibia-se modestamente em tudo quanto era colectividade local e liceu. Alturas houve em que o mestre nem parava para compor, actuava em espectáculos nos mais diversos países de Leste, corria o País de norte a sul, eram os tempos de militância activa no PCP e da intervenção cívica do PREC. Comenta Octávio Fonseca Silva: «Por estranho que pareça, até 1984 não realizou um único concerto em Portugal sob a sua exclusiva responsabilidade. Parece algo anedótico mas, para ser devidamente reconhecido no seu país teve de dar provas do seu talento no Olympia de Paris, na Ópera de Sydney, na Exposição Mundial de Osaka e em tantas outras grandes salas do mundo.»
No estrangeiro a carreira foi engrossando como uma bola de neve, mas não chegou a avalancha. Aqui e ali «criou amigos», gostava de dizer. O seu nome nunca foi internacionalmente conhecido, como o de Amália, explica Luísa Amaro, mas tinha o seu público, «era respeitado nos meios intelectuais e dos festivais; estava justamente a receber os retornos internacionais da sua carreira quando adoeceu». Um dos seus discos chegou a ser tocado como som de fundo, antes do início dos concertos de Paul McCartney durante uma digressão mundial nos anos 90. Tinha agendado encontros com os Kronos Concert, com Ravie Shankar e até com Astor Piazzola... «Acho que adoeceu na altura errada», diz Luísa Amaro.
Com Verdes Anos (1962), talvez a sua mais genial composição de sempre, banda sonora do filme de Paulo Rocha, o músico ficará para sempre associado ao cinema novo português. Na confluência entre a música erudita e a popular, pressente-se nas suas guitarradas a inquietação, a angústia e a revolta contra o regime salazarista.
Vinte anos depois, o bailarino Vasco Wellenkamp coreografa Carlos Paredes. O guitarrista está ao vivo no palco do Ballet Gulbenkian e com ele parte em digressões pelo mundo. Apaixona-se pela dança: «Já não vou conseguir pensar na música da mesma maneira; a música não está apenas na pauta e nos nossos dedos», disse a Alice Vieira. «Os bailarinos respiram a música que se toca. Às vezes penso neles como instrumentos de alta precisão.» Por seu lado, os bailarinos quando dançavam Paredes tinham «a sensação de vir a correr por Lisboa abaixo até chegar ao Tejo. E levantar voo».
Génio atrás de secretária
A carreira de Paredes foi um constante improviso. A vida não tanto. Manteve até à reforma (Novembro de 1986), o emprego de sempre: funcionário administrativo, arquivista de radiografias do Hospital de S. José. Chegou a chefe de secção. Gostava demasiado da música para viver à custa dela, dizia. «Gosto de abraçar a música como se abraça alguém que se ama.» Um músico amador, no mais puro sentido da palavra. Uma vez, ele e Luísa Amaro estavam a ser entrevistados na rádio de Pequim: «Perguntaram-me o que eu fazia e disse-lhes que vivia da música. Carlos Paredes respondeu "e eu sou funcionário público"», conta Luísa. Já o pai tinha alguma relutância em aceitar dinheiro pelas actuações em público. Encarava a guitarra como um instrumento de convívio. «Sentir-me-ia limitado se vivesse isoladamente a música. Ela está ligada à experiência de contacto com a vida.» Luísa Amaro pensa que foi uma atitude sábia, esta de não se amarrar a dependências financeiras. Criticavam-no por ir para o emprego de autocarro e de Metro: «Não percebem que se eu não andasse em contacto com as pessoas não fazia as músicas que faço.»
É na secretaria do hospital que a Pide o vai encontrar, numa manhã de Setembro de 1958. Interrogado, torturado, não diz uma única palavra. Encarcerado no Aljube, depois em Caxias, deixa de poder tocar guitarra, sente-se como se lhe «tivessem cosido a boca». Estão uma dúzia numa sala para meia. Carlos Paredes isola-se, não fala com ninguém, passeia de lá para cá e faz movimentos estranhos. Os camaradas temem que ele tenha perdido o juízo. Conta Severiano Falcão, preso com ele na altura, que Carlos Paredes, afinal, estava demasiado embrenhado a compor e a tocar mentalmente.
Saído da prisão, 18 meses depois, Paredes é expulso da Função Pública por pertencer ao PCP. Até ao 25 de Abril, altura em que é reintegrado, exerce a profissão de delegado de propaganda médica.
«Sou um simples guitarrista», respondia até há uns anos trás, ainda as frases se lhe soltavam, ao pessoal do lar impressionado com as personalidades que se cruzavam no seu quarto, de Amália Rodrigues a Álvaro Cunhal. Dono de uma modéstia exacerbada, Carlos Paredes transferia para os outros os elogios que lhe dirigiam, inventava mil álibis para o seu virtuosismo, confessava depois dos concertos os enganos que mais ninguém notava, quase que se envergonhava pelo talento que tinha. Sempre muito afável, com uma delicadeza exuberante, entre vénias e gentilezas, Carlos Paredes lá ia pedindo desculpas por existir. Gostava de conversar mas estacava perante o gravador, o bloco de notas e a responsabilidade de prestar declarações públicas. Um ano antes de ser internado, confessou a António Costa Santos do Expresso, perante um olhar cúmplice de «não há nada a fazer» de Luísa Amaro: «Eu por exemplo... Não diga nada disto, mas já me tem acontecido fazer pessoas chorar enquanto toco... e eu não compreendia isso, mas depois percebi que é a sonoridade da guitarra mais do que a música, ou como se toca, que emociona as pessoas.» Admirava-se que o admirassem a ele. «Toco guitarra, as pessoas gostam de ouvir. Juntamo-nos. Tocamos. E assim vamos vivendo», disse numa entrevista a Júlio Magalhães à Pública. Quando lhe pediam para tirar fotografias com a guitarra, Carlos Paredes começava automaticamente a tocar, mesmo sabendo que a película não absorve os sons. Era mais forte do que ele, o instinto.
Mestre sem discípulos
Em 1990, Carlos Paredes voou até ao Rio de Janeiro para fazer um recital na Sala Cecília Meirelles, «um templo da música de câmara». No final do concerto, um grupo de músicos da Orquestra de Cordas Brasileiras entrou na fila de cumprimentos. Levavam o recém-lançado disco para oferecer ao mestre. «Quando chegou a nossa vez, ele foi muito simpático e, num gesto enérgico que não deu tempo de suster, pegou no nosso LP, autografou-o e devolveu-nos.» A história é descrita em livro pelo brasileiro Henrique Cazes; a proverbial distracção de Carlos Paredes também atravessou o Atlântico. Desfiam-se episódios do género: a vez em que Paredes deu uma volta de 360 graus numa porta giratória, quando colocava o pano de limpar a guitarra em cima do microfone ou se punha à conversa sobre as unhas com a mais formal das plateias. Grande, um metro e oitenta, desajeitado, displicentemente vestido, desorientava-se no espaço, olhava para os pés, mas nunca se tornava ridículo. Ninguém se ria dele, talvez por nunca ter assumido a postura de estrela. As plateias respeitavam-no como a um génio. Um génio distraído. Luísa Amaro foi muitas vezes a sua ligação à terra. Uma noite, tinha entre a assistência, no Teatro Nacional D. Maria II, a Rainha de Inglaterra. Chegada a hora dos cumprimentos oficiais, Carlos Paredes ia-se deixando ficar para trás. A Rainha aproximava-se e o guitarrista recuava, para grande contrariedade do fotógrafo Eduardo Gageiro que tentava enquadrar a ocasião. Fazia-lhe perguntas e ele não respondia. Luísa Amaro foi em seu socorro. A Rainha pediu-lhe para lhe mostrar as mãos, e Carlos Paredes cada vez mais abismado. «Que mãos tão grandes e que unhas tão fortes, parecem de marfim», comentou. E de facto assim eram. Quem não tem unhas não toca guitarra, é bem verdade, Carlos Paredes nunca precisou delas postiças. «Ele só podia ter sido guitarrista», conclui Luísa Amaro.
Na guitarra descobriu a sua própria e inconfundível voz. O seu talento era pessoal e intransmissível. Achava-se incapaz de ensinar. Era um mestre sem discípulos. Também tinha dificuldades em interagir com outros músicos. Tocava simplesmente, quem quisesse que o seguisse. «Ele compunha para aquele instrumento de uma forma muito interna, respondia às necessidades da guitarra, quase como um respirar», continua Luísa Amaro. Os discos de parceria com o contrabaixista Charlie Haden e António Victorino d"Almeida foram, diz-se, mais desencontros do que encontros, os músicos não pisaram terrenos comuns. Paredes tocava «como um bloco maciço de individualidade artística em torno do qual o seu parceiro de ocasião parece esvoaçar sem nunca nele conseguir verdadeiramente penetrar», explica Rui Viera Nery na introdução de uma caixa de oito CDs, O Mundo Segundo Carlos Paredes, saída por coincidência este ano, embora à margem dos projectos da Movimentos Perpétuos. Também por coincidência, Mísia começa em breve a gravar um disco com música de Paredes e letras encomendadas a vários poetas.
«Toca como ninguém um instrumento que ninguém toca», referiu em tempos Victorino d"Almeida. José Carlos de Vasconcelos recorda a primeira vez que o viu/ouviu no Teatro Avenida, em Coimbra: «Perdido entre tanta malta e entre tanto entusiasmo, vendo aquele autêntico milagre da natureza, eu pensei, juro que pensei: "Este homem tem mil dedos". Mas depois vi que não eram mil dedos, apenas dez, geniais, mas humaníssimos. Por isso ele era tão grande.»
Mário Laginha revelou em Coimbra a música composta a pensar em Paredes («Tinha de ser simples e sem grandes recursos harmónicos»). Ainda vai desenvolvê-la e Maria João cantá-la, para a gravar num CD duplo com vários músicos a homenagear Paredes. Diversas vezes se cruzou com ele. «Falava de música com uma dedicação rara. Hoje, quando se conversa sobre música fala-se em eficiência, discute-se se é vendável, se o mercado está preparado. Ele falava de música com os pés levantados da terra.» Recorda uma tarde em S. Miguel, à porta do hotel, Mário Laginha de saída para ir estudar uma peça de Shumann, antes do exame final de piano. Começaram em Shumann e terminaram duas horas depois até onde a música os levou. Acompanhá-lo à conversa «era fascinante», mais difícil era acompanhá-lo em palco. «Não era um handicap, nem desprezo pelos outros músicos. Ele era mesmo assim, a sua música tinha aquele pulsar, não sabia tocar de outra maneira. Querer que ele não tocasse assim seria como pôr uma águia numa gaiola, ela tem de voar.» Não se pode emparedar o Paredes.
O Dó Maior de Paredes
Gostava de falar de tudo, menos de si próprio. «Nunca o ouvi dizer mal fosse de quem fosse. E para isso é preciso ter alguma disciplina interior, todos temos tendência para a má-língua, ele não. Quando ouvia qualquer coisa desagradável, dizia que não tinha importância», lembra Luísa Amaro. Não chamava as pessoas por você, isso feria a sua sensibilidade delicada, tratava-as por «os meus amigos». Mantinha-se informado, era capaz de discorrer sobre escultura de gelo com um artista finlandês ou sobre a Madonna, quando instado pelos questionários dos jornais. Adorava hambúrgueres do McDonalds, devorava-os em série, «como um aspirador», gostava de ler Banda Desenhada, de ir ao Frágil beber um sumo de laranja e ao Alcântara comer sopa de frutos exóticos. Agora, na sua cama do lar, ele poucos ecos recebe do mundo. A sua guitarra silenciou-se. Mas os aplausos podem perpetuar-se. Pelo menos, foi isso que sentiram os Movimentos quando se aperceberam do entusiasmo da adesão em massa para as iniciativas propostas (em contraste, aliás, com o desinteresse das autoridades oficiais). O que era suposto confinar-se ao mês de aniversário, cresceu para o ano inteiro. Além do CD duplo, estão envolvidos artistas plásticos, realizadores, fotógrafos, ilustradores, jornalistas, escritores, amigos, conhecidos, gente que já tinha ouvido falar, anónimos, consagrados. Todos com um objectivo comum: agradecer a Paredes, «que deu tanto, sem pedir nada em troca». Através de uma mega-exposição, um ciclo na Cinemateca, um livro colectivo com as ilustrações de toalha de mesa de Carlos Paredes, álbuns de BD... O objectivo mais materialista é angariar fundos. Para proceder à recolha de todo o material relacionado com o mestre, para a construção de um site e para caixas-expositoras que retenham a temperatura e a humidade adequada à conservação das nove guitarras.
Se pudesse, Paredes dedilhava as cordas com as «suas unhas de marfim», extraía delas aqueles rendilhados poéticos e terminava o seu Discurso, como no Espelho de Sons: «Tenho Dito». Mas o mais provável era virar-se para os organizadores e dizer, «Não vale a pena, os meus amigos não precisavam de fazer tudo isto.»

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1 comentário:

Omni disse...

Your name is so lovely-it sounds like music.