2011-12-26

Para sair da Crise é preciso romper com a troica e obrigá-la a negociar a dívida.

Para o politólogo belga, Éric Toussaint, a dívida de Portugal à Europa e ao FMI é ilegítima e deveria ser renegociada. O grande problema da crise, defende, não está nos estados, mas nos bancos. (Hoje no Público)
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Éric Toussaint não está optimista, mas tem uma visão diferente da actual crise e do que fazer para sair dela. O politólogo e professor universitário belga esteve recentemente em Lisboa para ajudar a lançar a iniciativa por uma Auditoria Cidadã da Dívida Pública. Experiência não lhe falta. É presidente do Comité para Anulação da Dívida do Terceiro Mundo e fez parte da equipa que realizou, entre 2007 e 2008, a auditoria sobre a origem e destino da dívida pública do Equador, ao servico do novo Governo de esquerda do país, num processo que levou ao julgamento de vários responsáveis políticos e à decisão unilateral de não pagar parte da dívida equatoriana. Acredita que o mesmo pode acontecer na Europa. Mas isso implica romper com as exigências da troika.
Depois das decisões que saíram da última cimeira europeia acha que a crise da divida está próxima do fim?
Esta é uma crise que vai durar 10 ou 15 anos, porque o problema fundamental não é a divida pública, mas sirn os bancos europeus. E não estou a falar dos pequenos bancos portugueses ou gregos. 0 problema é que os grandes bancos - Deutsche Bank, BNP Paribas, Credit Agicole, Société Generale, Commerzbank, Intesa Sampaolo, Santander, BBVA - estão ã beira do precipício. Isso é muito pouco visível no discurso oficial. Só se fala da crise soberana, quando o problerna é a crise privada dos bancos. Está a referir-se à exposição dos bancos à divida pública de alguns paises do euro? Não, não é a exposição à dívida soberana, mas sim a derivados tóxicos do subprime [crédito de alto risco]. Está a ocultar-se que todo o conjunto de derivados adquiridos entre 2004 e 2008 continuam nas contas dos bancos, porque são contratos a 5, 10 ou 15 anos. Somente quando o contrato chegar ao fim é que se vai descobrir a amplitude da toxicidade e das perdas, visto que as contas actuais dos bancos mostram esses avaliados, não ao valor de mercado, mas ao valor facial, do contrato. Foram, aliás, esses problemas com os activos tóxicos que geraram os da dívida soberana. Em 2008, quando os bancos deixaram de conceder crédito entre si, o investimento mais seguro era comprar títulos da dívida soberana e os mais rentáveis eram da Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália. Então, os bancos compraram muitos títulos para substituir os derivados que tinham. Agora, têm os dois, porque não conseguiram desfazer-se dos primeiros. Mas é totalmente falso dizer que o problema actual é a dívida soberana. É a soma dos dois.
Há, contudo, uma crise da dívida, que obrigou a Grécia, Portugal e a Irlanda a pedir ajuda. Como é que avalia a resposta que foi dada para estes países com os planos da lroika?
Esses planos vão piorar a situação desses países, isso é absolutamente claro. A redução maciça das despesas públicas e do poder de compra da maioria da população vai diminuir a procura e as receitas fiscais e provocar ainda mais necessidade de o país se endividar para pagar a divida. Tanto a política da troika na Grécia, Irlanda e Portugal, como a política da Comissão Europeia e dos países do Centro, como a Alemanha e a França, vai provocar mais recessão. A própria Alemanha vai ter problemas, porque precisa de ter quem compre os seus produtos.
Qual seria a solução? Uma reestruturação da divida?
Em Portugal a reestruturação está muito na moda, mas não gosto dessa palavra. Na história da dívida, a reestruturação corresponde a uma operação totalmente controlada pelos credores. Quando o devedor quer tomar a iniciativa, tem de suspender os pagamentos da dívida, para obrigar os credores a sentarem-se à mesa e discutir condições. Uma reestruturação é o que a troika vai fazer na Grécia, impondo um corte de 50% na dívida dos bancos privados, em troca de mais austeridade no país. Contudo, sem redução da dívida à troika, que se tornou o maior credor da Grécia e, ainda por cima, privilegiado, este tipo de reestruturação só alivia de maneira conjuntural o pagamento da dívida. Não é uma solução de verdade.
Que solução seria essa?
Sei que esta ideia está fora do debate público, mas, para mim, se um país quiser sair desta crise, tem de romper com a troika. Tem de dizer: senhores, as condições que nos impõem são injustas e não nos servem a nível económico.
Mas se Portugal ou outro país disser isso, não terá de sair da zona euro?
Não acho que seja automático, mas é claro que é complicado. A Alemanha beneficia com o euro, pelas suas exportações e inclusive pelos empréstimos a Portugal. Quando vai financiar-se ao mercado, a Alemanha paga 1%. mas empresta a Portugal a 5%. Não é generosidade, é um bom negócio para a Alemanha. O que Portugal precisa é de uma política soberana em que o Estado declarasse não querer sair da zona euro, mas dissesse que as condições impostas pela troika são inaceitáveis para os cidadãos e para o interesse do país. Caso contrário, a troika só fará mais exigências, que não permitirão ao país sair da situação em que se encontra. Se Portugal disser não à troíka, esta seria obrigada a sentar- se à mesa e renegociar a dívida e as condições que impõe. E não me parece que a troika queira a saída de um país do euro.
Como se insere neste processo a auditoria à dívida pública?
A auditoria é um processo promovido sobretudo por cidadãos para romper o tabu da dívida soberana, que nunca se discute nem se analisa. Até pode ser má, mas há que pagá-la, porque uma divida paga-se sempre, quando, na realidade, tanto ao nível de um particular, de uma empresa ou de um Estado, uma dívida ilegitima, ilegal ou imoral é uma dívida nula. E há toda uma vasta história de anulação e suspensão dessa dívida. O que é uma dívida ilegtima? A ilegitimidade é um conceito cuja definição não se encontra no dicionário. É a forma como os cidadãos interpretam, de forma rigorosa, o respeito aos principios da nação, da construção do país e do direito interno e internacional. Uma divida ilegítima é, por exemplo, uma divida contraída porque o Estado favoreceu uma pequena minoria, reduzindo impostos sobre as grandes empresas multinacionais ou as famílias mais ricas, que assim diminuíram a sua contribuição para as receitas tiscais, obrigando o Estado a endividar-se.Esta contra- refoma fiscal aconteceu em toda a Europa e também nos EUA, com o anterior presidente, George W. Bush. Os resgates aos bancos são outro exemplo. O custo de ajudar os banqueiros. que foram totalmente aventureiros, desviando os depósitos dos seus clientes para investir no subprime, implicou um aumento da dívida soberana, que é totalmente ilegítimo. Não podiam ter sido resgatados dessa forma, os grandes accionistas não deviam ter sido indemnizados.
A dívida à troika também é ilegitima?
Sim. Foi uma dívida contraída para impor um desrespeito aos direitos económicos e sociais da população. Há uma chantagem da troika, que dá crédito para pagar aos credores, que são eles próprios e os bancos dos países do Centro europeu, e, em contrapartida, exige austeridade. Não há dúvida: é uma dívida ilegitima.
Organizou uma auditoria à divida do Equador... O que Portugal poderia retirar desse exemplo?
É uma situação diferente. No Equador, o novo presidente tinha sido eleito com o mandato de fazer uma auditoria da dívida pública, de modo a definir que parte era ilegítima e não seria paga.
Vê possibilidade de isso acontecer na Europa?
Com uma mudança de Governo, sim. Não pode ser um Governo que defende os acordos com a troika a fazer uma auditoria à divida. O descontentamento das populações pode abrir caminho a isso, mas não sei quando é que uma mudança desse tipo pode ocorrer na Europa. Os latino-americanos viveram 15 a 20 anos de neoliberalismo e de aceitação do pagamento da dívida soberana. Espero que não demoremos 20 anos na Europa.

2011-12-14

Seis sorprendentes revelaciones sobre el «gobierno secreto» de Wall Street

por: Les Leopold : aqui.

La democracia estadounidense está raptada por un gobierno secreto que muchos investigadores han identificado como siendo una poderosa oligarquía que manipula desde la sombra la esencia misma del Estado, disponiendo a su antojo e interés la riqueza financiera del país sin que ninguna institución del Estado sea capaz de someterla. Utilizando la plancha a billetes indiscriminadamente y creando riqueza de nada, esta elite sin escrúpulos ha arruinado la economía del país y ha creado la más grande burbuja especulativa de la historia, aquella del dólar, que finalizará con la desaparición de esta moneda como reserva internacional.

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Les Leopold
Les Leopold es un investigador especializado en proyectos de educación, salud, del medio ambiente y economía, fundó y fue director ejecutivo del The Labor Institute (1976) y del Public Health Institute (1986) en Nueva York, autor de The Looting of America: How Wall Street’s Game of Fantasy Finance Destroyed Our Jobs, Pensions, and Prosperity and What We Can Do About It ediciones Chelsea Green, 2009.
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Timothy Geithner (izquierda) secretario del Departamento del Tesoro de los Estados Unidos y Ben Bernanke (derecha) presidente de la Reserva Federal (Fed) fotografiados en abril de 2010, ambos son la cara visible y ejecutantes a la orden de un gobierno secreto que dispone a su antojo miles de millones de dólares.

Ahora tenemos la evidencia de que Wall Street y Washington utilizan un gobierno secreto muy alejado del proceso democrático. Mediante una solicitud según la ley de libertad de información, el público tiene ahora acceso a más de 29.000 páginas de documentos de la Reserva Federal (Fed) y a 21.000 transacciones adicionales de la Fed que se ocultaron deliberadamente, y por buen motivo. (Vea aquí en este link).

Estos documentos muestran que altos funcionarios del gobierno ocultaron intencionalmente al Congreso y al público la verdadera dimensión de los rescates de 2008-2009 que enriquecieron a unos pocos y favorecieron los intereses de gigantescas firmas de Wall Street. Lo que sabemos ahora es lo siguiente: Los rescates secretos de Wall Street totalizaron 7,77 billones (millones de millones) de dólares, 10 veces más de los 700.000 millones de dólares del programa de rescate TARP aprobado por el Congreso en 2008. El conocimiento de los fondos secretos del rescate no se compartió con el Congreso ni siquiera éste redactaba y debatía la legislación para fraccionar los grandes bancos.

El financiamiento secreto suministrado a tasas inferiores al mercado dio a Wall Street otros 13.000 millones de dólares de beneficios. (Es suficiente dinero para contratar a más de 325.000 maestros de primaria). Los fondos secretos financiaron fusiones de bancos de modo que los principales bancos crecieron aún más. El dinero también permitió que los bancos aumentaran sus trabajos de cabildeo.
Mientras Henry Paulson (secretario del Tesoro de Bush) informaba al Congreso y al público de que solo se requerían reformas menores para proteger del colapso a Fanny Mae (Federal National Mortgage Association y Freddie Mac (Federal Home Loan Mortgage Corporation), se reunió en secreto con destacados administradores de hedge funds de Wall Street –entre ellos sus ex colegas de Goldman Sachs– para alertarlos de que estaba a punto de nacionalizar las gigantes compañías hipotecarias, una acción que erradicaría casi todo el valor bursátil de las compañías. Esta información era de un valor inmenso ya que permitiría que esos hedge funds vendieran en descubierto Fannie y Freddie y al hacerlo ganaran una fortuna.

Mientras Timothy Geithner era jefe de la Reserva Federal de Nueva York, argumentó contra los esfuerzos legislativos del senador Ted Kaufman, demócrata de Delaware, para limitar el tamaño de los bancos porque el tema era «demasiado complejo para el Congreso y esas decisiones deberían ser manejadas por gente que conoce los mercados», recuerda Kaufman. Mientras tanto, Geithner era perfectamente consciente de los enormes préstamos secretos, mientras al senador Kaufman se le ocultaba este hecho. Barney Frank, quien redactaba legislación clave sobre la reforma bancaria, tampoco fue informado sobre los préstamos secretos.

No se informó a nadie del Congreso. ¿Qué significa todo esto?

1. Los grandes bancos y hedge funds tenían muchos más problemas de los que nos hicieron creer. Como muchos sospechábamos, todos los grandes bancos estaban de rodillas pidiendo ayuda –en secreto– mientras decían a sus inversionistas, al público y al Congreso que todo iba bien. Habían jugado y habían perdido. Según las reglas del capitalismo ideal, deberían haber sufrido una cierta «destrucción creativa», el valor de sus acciones eliminado por la bancarrota y sus administradores reemplazados. Todo el sistema bancario también debería haberse reorganizado de arriba abajo. En vez de eso esas colosales irregularidades recibieron recompensas en secreto.
2. El gobierno secreto de Wall Street se aseguró de que los principales bancos crecieran aún más, con la ayuda del financiamiento secreto. Mientras el Congreso discutía la legislación para fraccionar los grandes bancos y reinstituir Glass Steagall (para separar la banca de inversiones riesgosas de la banca comercial asegurada), el gobierno secreto utilizaba fondos públicos para que crecieran aún más mediante fusiones a pesar de la mala salud de todos los bancos y la legislación se derrotó fácilmente. Como muesta dolorosamente el gráfico, los bancos demasiado grandes para quebrar crecieron aún más. Activos de los seis bancos principales (en billones de dólares).
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3. Cuanto más grande llegue a ser Wall Street, más puede comprar al gobierno. Esta parte no es secreta. Cuanto más crecieron los seis bancos principales, más fondos gastaron en cabildeo para asegurarse de que no sufrirían impactos contra la rentabilidad por parte de la legislación de la reforma bancaria. Por lo tanto, mientras los principales bancos recibían cientos de miles de millones de dólares en préstamos secretos, aumentaban sus fondos de cabildeo para mantener su tamaño y su poder. Leedlo y llorad: Gastos de cabildeo de los seis principales bancos (en millones de dólares).
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4. El gobierno secreto de Wall Street protege a los suyos. Al principio cuesta comprender que el secretario del Tesoro Paulson, ex jefe de Goldman Sachs, se arriesgase a asistir a una reunión secreta con administradores de gigantescos hedge funds, muchos de los cuales solían trabajar en Goldman Sachs. ¿Cómo pudo atreverse el funcionario de finanzas más importante de la nación a dar información confidencial a esas elites de los hedge funds sobre la inminente absorción de Fannie and Freddie por el gobierno antes de informar al Congreso y al público? Bueno, una respuesta es que Paulson se sintió obligado a advertir a sus antiguos compinches de la inminente nacionalización. Tal vez quería ponerlos fuera de peligro en caso de que estuvieran fuertemente involucrados en esos mercados. O tal vez también quería darles una información muy valiosa para que se beneficiaran. Pero la explicación más profunda, creo, es que funcionarios gubernamentales clave de Wall Street, Paulson, Summers, Geithner, Orszag (el ex jefe de la OMB (Oficina de Administración y Presupuesto) de Obama, que gana millones trabajando para Citigroup), etc. creen verdaderamente lo siguiente:
* Los bancos de Wall Street son los mejores del mundo y están en la vanguardia de la economía estadounidense. Son nuestro futuro.
* Los banqueros de Wall Street y los administradores de los hedge funds son inmensamente más listos y astutos que el resto de nosotros. Merecen nuestra admiración.
* La ayuda a que Wall Street crezca y prospere es precisamente lo mismo que la ayuda a todos los estadounidenses y a toda la economía. Merecen nuestro apoyo.
* Las reuniones secretas para suministrar información confidencial son algo normal en Wall Street. No hay nada de malo si uno advierte a sus amigos de futuras decisiones políticas que podrían afectar sus beneficios. * No hay absolutamente nada de malo en el suministro de billones de dólares de préstamos secretos a los mejores y más brillantes sin informar al Congreso al respecto.

Todo es un ciclo cerrado de autojustificación y autoengaño: Wall Street es brillante. Lo que hace Wall Street es por el bien del país. Ayudar a que Wall Street tenga beneficios es bueno para el país. Ocultar la verdad a los dirigentes elegidos democráticamente también es bueno para el país porque Wall Street es brillante y lo sabe mejor.
Y de todo esto están convencidos profundamente Wall Street y su gobierno secreto, incluso si Wall Street, y solo Wall Street, derrumbó la economía y destruyó 8 millones de puestos de trabajo en cosa de meses. ¡Simplemente brillante!
5. Wall Street es un peligro evidente y presente para la democracia. Generalmente no soy alarmista. En los hechos, a menudo argumento contra teorías conspirativas complacientes. Quiero creer que nuestra democracia todavía es promisoria. Pero el crash inducido por Wall Street y la reacción del gobierno me preocupan profundamente. Las revelaciones de Bloomberg News sugieren que el gobierno secreto de Wall Street siente un profundo desdén por lo que subsiste de nuestra democracia. Las elites financieras creen obviamente que no se puede confiar en que el Congreso haga lo correcto, incluso cuando es comprado y pagado para que lo haga por los mismos bancos que supuestamente regula. ¿Y en cuanto al resto de nosotros? No somos más que una masa analfabeta en lo financiero a la que hay que manipular a través de los medios de comunicació de masas. Nuestras mentes se pueden comprar y vender mediante un marketing cuidadoso.
Esta arrogancia y corrupción financiera es enormemente corrosiva para nuestros valores democráticos. Muchos estadounidenses ya no confían en su gobierno, y con razón. Muchos estadounidenses ya no votan, y con razón. Muchos estadounidenses creen que la democracia, tal como la conocemos, es una estafa, y con razón. Wall Street no podría haber escrito un guión mejor para mantener su dominación.
6. Ocupad Wall Street básicamente tiene razón, pero no basta. Los ocupantes atacaron dramáticamente a Wall Street y capturaron la imaginación del país con su marco del 1 por ciento y el 99 por ciento. Y la idea se impone y se extiende. Pero es solo el comienzo. Para recuperar a nuestro país del gobierno secreto de Wall Street tenemos que desarrollar un enorme movimiento dentro del 99 por ciento. Aunque esperamos que suceda espontáneamente mediante Facebook y Twitter, todos sabemos que requerirá mucha organización sería que involucre a millones de nosotros. Por el momento, nadie sabe qué forma tomará. Pero sí sabemos lo siguiente: las grandes concentraciones de poder y riqueza no renuncian a su poder y riqueza sin una enorme resistencia. El gobierno secreto de Wall Street está más que listo para protegerse, aunque signifique subvertir la democracia. Nuestros ocupantes han mostrado mucho valor al ayudarnos a recuperar nuestros derechos democráticos. Esperemos que se extienda… y pronto.
Les Leopold