2009-11-22

BCP e as remunerações dos administradores em 2005



O Banco Comercial Português (BCP) vai distribuir este ano 33,36 milhões de euros pelos seus trabalhadores, referentes aos prémios de desempenho. Um valor que corresponde a 4,43% dos lucros totais obtidos pelo grupo em 2005 (753,5 milhões de euros, incluindo extraordinários). As compensações pagas no ano passado tinham totalizado 17 milhões de euros, o equivalente a 2,85% dos resultados de 2004 (606 milhões), de acordo com os dados disponibilizados, na segunda-feira, no relatório e contas do BCP.
Em média, cada um dos 11 510 colaboradores do grupo em Portugal receberá quase 2900 euros. No entanto, nem todos os trabalhadores terão direito a prémio, uma vez que este é atribuído em função do cumprimento de objectivos. Assim, em muitos casos, a compensação extraordinária superará aquele montante médio.
Ao contrário do que acontecia até 2004, os prémios a pagar aos colaboradores não vão sair directamente dos resultados. Isto porque, de acordo com as novas normas internacionais de contabilidade (NIC), as compensações referentes a um determinado ano têm de ser consideradas como custo de pessoal desse exercício. Assim, os 33,36 milhões de euros que o BCP vai entregar este ano aos seus trabalhadores estão incluídos naquela rubrica, correspondendo a 3,5% dos custos consolidados com pessoal contabilizados pelo banco em 2005 (952,1 milhões).
Administração arrecada 4,16% dos resultados
A equipa de gestão do grupo auferiu, no ano passado, 31,34 milhões de euros de salário total. Um valor praticamente igual aos 31,32 milhões recebidos em 2004. Em termos percentuais, o peso da remuneração dos administradores do BCP nos resultados da instituição caiu de 5,16% para 4,16%. Em média, cada um dos nove gestores arrecadou um bolo de 3,48 milhões de euros.
Além do salário fixo (5,34 milhões de euros, mais 25% do que em 2004) e da remuneração variável (26 milhões de euros, menos 3,88% do que no exercício anterior), o BCP teve ainda que suportar um custo de 9,07 milhões de euros, relativo a encargos com dotações para fundos de pensões e apólices de seguros de complemento de reforma dos seus administradores.

O salário total arrecadado pela gestão do BCP já foi definido em função da nova política fixada pela Comissão de Remunerações e Previdência e cujo objectivo é "potenciar a criação e a sustentação do valor accionista, pelo que se prevê uma componente ligada à performance anual e uma outra ao desempenho plurianual indexada aos objectivos estratégicos fixados para o mandato do conselho de administração", como consta do relatório sobre o governo das sociedades do banco.

O salário fixo dos gestores é determinado em função da remuneração do presidente (85% a 60% para os vice-presidentes e de 60% a 40% para os restantes. A compensação variável anual é paga de uma só vez, no mês em que o grupo distribui dividendos, e não pode ultrapassar 350% do valor do salário fixo. A remuneração variável plurianual está limitada, anualmente, a 250% do salário fixo. O gestor deixa de ter direito a esta compensação se não cumprir um mínimo de 80% dos objectivos que lhe foram fixados, se a Comissão de Remunerações e Previdência encontrar motivos que o justifiquem (que lhe serão comunicados), se perder o mandato ou este não for renovado (excepto em caso de velhice ou invalidez).