Jornal Digital 2005-06-13
Porto - O pintor René Bertholo faleceu na última sexta-feira, vítima de doença prolongada, informou esta segunda-feira a Galeria Fernando Santos, no Porto, que classifica o artista como «um dos maiores vultos da pintura portuguesa contemporânea».
René Bértholo nasceu em 1935 em Alhandra. Fez o curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio (1947-51) e frequentou a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1951-1957). Em 1953 participou na VII Exposição Geral de Artes Plásticas, convidado por Júlio Pomar, e no ano seguinte foi incluído por José-Augusto França no I Salão de Arte Abstracta.Fundou e dirigiu com outros colegas a revista «Ver» (1953-1955) e foi um dos animadores da galeria Pórtico com Lourdes Castro, José Escada, Costa Pinheiro e Teresa de Sousa (1955-57). Instala-se em Paris em 1958 e começa a publicar a revista «KWY», com Lourdes Castro. Juntam-se à revista, a partir de 1960, Jan Voss e Christo, e também José Escada, Costa Pinheiro, João Vieira e Gonçalo Duarte. Publicaram-se 12 números até 1963.Foi bolseiro da Fundação Gulbenkian em 1959-60. Em 1961 realiza os primeiros desenhos e monotipias de acumulação e espalhamento de imagens. Segundo um comunicado da Galeria Fernando Santos, que representou o pintor nos últimos 12 anos, uma dessas monotipias integrou no ano 2000 a exposição retrospectiva «Making Choices», que o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque dedicou ao período 1920-1960 com obras da sua colecção.René Bértholo integrou diversas exposições colectivas que marcaram a década de 60, como «Mythologies Quotidiennes», em 1964, no Museu de Arte Moderna de Paris. A partir de 1966, constrói os primeiros objectos com movimento, os «modelos reduzidos».Em 1972-73 esteve em Berlim, a convite da Deutscher Akademischer Austauschdienst, dedicando-se a estudos de electrónica aplicada à arte.Em 1981 regressa a Portugal e instala-se no Algarve. O Museu de Serralves dedicou no ano 2000 uma retrospectiva à sua obra.
Porto - O pintor René Bertholo faleceu na última sexta-feira, vítima de doença prolongada, informou esta segunda-feira a Galeria Fernando Santos, no Porto, que classifica o artista como «um dos maiores vultos da pintura portuguesa contemporânea».
René Bértholo nasceu em 1935 em Alhandra. Fez o curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio (1947-51) e frequentou a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1951-1957). Em 1953 participou na VII Exposição Geral de Artes Plásticas, convidado por Júlio Pomar, e no ano seguinte foi incluído por José-Augusto França no I Salão de Arte Abstracta.Fundou e dirigiu com outros colegas a revista «Ver» (1953-1955) e foi um dos animadores da galeria Pórtico com Lourdes Castro, José Escada, Costa Pinheiro e Teresa de Sousa (1955-57). Instala-se em Paris em 1958 e começa a publicar a revista «KWY», com Lourdes Castro. Juntam-se à revista, a partir de 1960, Jan Voss e Christo, e também José Escada, Costa Pinheiro, João Vieira e Gonçalo Duarte. Publicaram-se 12 números até 1963.Foi bolseiro da Fundação Gulbenkian em 1959-60. Em 1961 realiza os primeiros desenhos e monotipias de acumulação e espalhamento de imagens. Segundo um comunicado da Galeria Fernando Santos, que representou o pintor nos últimos 12 anos, uma dessas monotipias integrou no ano 2000 a exposição retrospectiva «Making Choices», que o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque dedicou ao período 1920-1960 com obras da sua colecção.René Bértholo integrou diversas exposições colectivas que marcaram a década de 60, como «Mythologies Quotidiennes», em 1964, no Museu de Arte Moderna de Paris. A partir de 1966, constrói os primeiros objectos com movimento, os «modelos reduzidos».Em 1972-73 esteve em Berlim, a convite da Deutscher Akademischer Austauschdienst, dedicando-se a estudos de electrónica aplicada à arte.Em 1981 regressa a Portugal e instala-se no Algarve. O Museu de Serralves dedicou no ano 2000 uma retrospectiva à sua obra.
Pintura de René Bertholo no Chiado
Paula Lobo
Diário de Notícias 1 de Março de 2002
«Não conto voluntariamente nenhuma história. Cada pessoa constrói a sua», diz René Bertholo a olhar para as telas. Dez obras de dois metros por dois, datadas entre 1998 e 2000, que até 15 de Abril podem ser vistas na Galeria Mundial Confiança-Chiado 8, em Lisboa. E que o pintor reuniu o título de «Confusões».
«Aparentemente tudo é de desordem, a ligação da ordem é a desordem. E foi a palavra [título de uma das obras] que me pareceu significar mais a totalidade do que está exposto», explica ao DN. Dessa tentativa de equilibrar as «forças» resulta «a mistura de elementos ditos figurativos com os ditos abstractos», que o artista tem recuperado de anteriores trabalhos recorrendo ao computador.
Depois vem a quadricromia processo que descobriu ao trabalhar para a colectiva «Biombos dos Portugueses» (1996). Começa com o azul, junta o vermelho, o amarelo e, no fim, os tons de cinzento. Sempre devagarinho.
«E tudo é abstracto ou figurativo, depende de como entendemos essas palavras», recorda o co-fundador do grupo KWY. Do conjunto, destaca «O que é aquilo?». Foge à regra das quatro ou seis divisões do quadro, com a pequena figura humana a dominar o centro. «Olhe, sei lá! Pode inovar, no sentido de acabar essa dicotomia», esclarece.
Organizada pela Galeria Fernando Santos (que a inaugurou no Porto) e já apresentada noutros pontos do País e em Córdoba, «Confusões» segue em Maio para Paris (Instituto Camões). Até pintor continuará a explorar as transparências em obras inacabadas e a estudar empedrados de Lisboa para ilustrar outro livro do poeta sueco Lasse Söderberg.
«Aparentemente tudo é de desordem, a ligação da ordem é a desordem. E foi a palavra [título de uma das obras] que me pareceu significar mais a totalidade do que está exposto», explica ao DN. Dessa tentativa de equilibrar as «forças» resulta «a mistura de elementos ditos figurativos com os ditos abstractos», que o artista tem recuperado de anteriores trabalhos recorrendo ao computador.
Depois vem a quadricromia processo que descobriu ao trabalhar para a colectiva «Biombos dos Portugueses» (1996). Começa com o azul, junta o vermelho, o amarelo e, no fim, os tons de cinzento. Sempre devagarinho.
«E tudo é abstracto ou figurativo, depende de como entendemos essas palavras», recorda o co-fundador do grupo KWY. Do conjunto, destaca «O que é aquilo?». Foge à regra das quatro ou seis divisões do quadro, com a pequena figura humana a dominar o centro. «Olhe, sei lá! Pode inovar, no sentido de acabar essa dicotomia», esclarece.
Organizada pela Galeria Fernando Santos (que a inaugurou no Porto) e já apresentada noutros pontos do País e em Córdoba, «Confusões» segue em Maio para Paris (Instituto Camões). Até pintor continuará a explorar as transparências em obras inacabadas e a estudar empedrados de Lisboa para ilustrar outro livro do poeta sueco Lasse Söderberg.
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