Artigo de Mário Vieira de Carvalho, no Público de 2013-06-27: [ampliar com um clique]
Blog de Raimundo Narciso para reprodução por extenso de textos referidos nos seus outros blogs: Puxa Palavra, Memórias e A Grande Dissidência
2013-06-27
2013-06-18
Renegociar já, mas não como os credores querem
Artigo de José Castro Caldas, no Público de 17 Junho 2013
"Com as intervenções da troika, uma parte importante da dívida grega e
portuguesa passou de mãos dos credores privados, internos e externos, para a de
credores oficiais - o FMI, o BCE e os fundos da União Europeia. Para isso
serviram os resgates: para transferir dívida pública tóxica do sector privado
para o sector público."
"Quem agora o reconhece, com a mais desavergonhada candura, é o FMI no
relatório sobre a Grécia que recentemente veio a público: "Uma
reestruturação à partida teria sido melhor para a Grécia, apesar de isto não
ser aceitável pelos parceiros do euro. Uma reestruturação atrasada também criou
a janela para os credores privados reduzirem a sua exposição e mudarem a dívida
para as mãos de credores oficiais (FMI, BCE e instrumentos europeus). Esta
mudança ocorreu numa escala significativa e limitou um bail in (resgate
envolvendo os detentores de títulos de dívida)... deixando os contribuintes e
os Estados com a responsabilidade de pagar".
"Compreende-se assim que, "à partida", os banqueiros não quisessem
nada com a reestruturação da dívida. "Temos de evitar a reestruturação
da dívida o mais possível porque se fizermos perder dinheiro àqueles que nos
emprestaram dinheiro, esses não vão voltar a emprestar outra vez",
disse José Maria Ricciardi [um dos donos do BES],
segundo o jornal Sol, no dia 27 de Dezembro de 2011.
E compreende-se também que a opinião agora comece a mudar. "Se até
2014 a economia não crescer, vai ser necessário reestruturar a dívida",
disse o mesmo Ricciardi em entrevista ao Jornal de Negócios na semana
passada.
Não era difícil perceber o que devia ser feito em 2010 na Grécia e em 2011
em Portugal - Grécia e Portugal deviam ter desencadeado uma renegociação da
dívida tendente à sua reestruturação. Mas a reestruturação atempada da dívida teria feito
"perder dinheiro àqueles que nos emprestaram dinheiro" e
isso era inaceitável para quem condicionava e acabou por determinar as decisões
políticas do momento - os bancos e os fundos de investimento.
A situação agora é outra. Agora, perante os resultados da austeridade,
interessa aos banqueiros garantir a cobrança de alguma coisa antes que as
vítimas da austeridade se tornem incapazes de pagar o que quer que seja. Por
isso falam de reestruturação da dívida.
Será que isso significa que a renegociação da dívida e a sua reestruturação
já não interessa aos povos da Grécia e de Portugal? É claro que interessa. Só a
renegociação, acompanhada de uma moratória, e a reestruturação, com anulação de
uma parte do valor da dívida, redução das taxas de juro e alongamento das
maturidades, pode reduzir o peso dos juros na despesa pública, evitar o colapso
da provisão pública de bens e serviços e libertar recursos para o investimento
e a criação de emprego.
Mas a reestruturação de que Portugal e a Grécia precisam não é a dos
credores. Aos credores interessa aliviar o fardo para que o "animal"
continue a ser capaz de puxar a carroça. Aos povos grego e português interessa
alijar a carga para caminhar em frente, sem condições impostas pelos credores.
A renegociação tendente à reestruturação da dívida de que precisamos tem de
ser conduzida em nome do interesse nacional, contra o interesse dos grandes
credores e salvaguardando os pequenos aforradores. O Estado português tem de
tomar a iniciativa e conduzir todo o processo.
Mas o Governo português, o Presidente da República e a maioria dos deputados
da Assembleia da República fingem não perceber. Estão sentados à espera que os
credores mandem. Em contrapartida, cresce na sociedade a compreensão da
necessidade de agir.
A Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida (IAC), que desde a sua
fundação em Dezembro de 2011 tem vindo a conhecer e dar a conhecer a dívida
pública (ver o relatório "Conhecer a dívida para sair da armadilha"),
lançou, em conjunto com outras organizações, a campanha Pobreza não paga a
dívida: renegociação já!
Responde esta campanha à necessidade sentida pela IAC de complementar o
trabalho de estudo e análise da dívida pública, que prosseguirá, com mais
debate público sobre as causas e as consequências da dívida e mobilização pela
sua renegociação com a participação dos cidadãos.
A campanha envolve uma petição dirigida à Assembleia da República,
instando-a a pronunciar-se pela abertura urgente de um processo de renegociação
da dívida pública, pela criação de uma entidade para acompanhar a auditoria à
dívida pública e o seu processo de renegociação e pela garantia de que nestes
processos existe isenção de procedimentos, rigor e competência técnicas,
participação cidadã qualificada e condições de exercício do direito à
informação de todos os cidadãos e cidadãs.
"Trata-se de fazer ouvir em S. Bento uma opinião e uma vontade que
acreditamos ser maioritária na sociedade portuguesa.
"É certo que quando tudo está a arder uma petição parece pouco. No entanto,
com um número pouco usual de assinaturas, a petição terá força. Confrontando os
membros da Assembleia da República com as suas responsabilidades, poderá
acordá-los para a necessidade de não fazer o que os credores querem."
A petição pode ser subscrita online aqui: «Pobreza não paga a Dívida: Renegociação já!»
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2013-06-17
José Mujica
Sim é o presidente do Uruguai. Ex-guerrilheiro "tupamaro". Quem o vê não dá nada por ele. Mas escutando-o... perceberá então que se trata de um político de natureza diferente dos que por estas bandas pontificam, de conversa engravatada.
É um homem culto e guia-se por valores. Estranho, não é ?
AUDICIÓN en m24
“Cuando un hombre aumenta sus conocimiento no necesariamente aumenta sus valores”, expresó el mandatario.
vie jun 14 2013 12:46
El presidente José Mujica dedicó su audición radial a reflexionar sobre el rol de la educación en la sociedad.
El mandatario comenzó criticando “la superficialidad de las ideas que se manejan para nuestro país no hacen cometer simplistas. Que después nos deja desarmados a las complejidades de la propia realidad”.
Luego el mandatario comenzó a hablar sobre la corriente del iluminismo, “una corriente de ideas que construyó una filosofía política en la que todos los males de la sociedad era consecuencia de la ignorancia y la masificación de la enseñanza nos iban a colocar una sociedad en donde las mayoría de los problemas iban a estar solucionados”.
En ese sentido Mujica reflexionó sobre “la obra de gran importancia” que fue la masificación de la escuela pública en Uruguay, apoyada en el iluminismo. “Fue un esfuerzo de carácter formidable. Se superan algunos problemas y del mano de la educación aparecieron otros (...) Y sobre todo cuando vive en una civilización en el que hace la tuya, y el mercado, y el mercado y el comprar y el comprar y el consumir, y el consumir, se transforman en los valores centrales, no nos deja espacio para disfrutar de la vida", aseguró.
“La ingenuidad del iluminismo está compensada por lo mucho que aportó, pero no podía prever que cuando el hombre multiplica sus conocimiento no necesariamente multiplica sus valores”, afirmó el mandatario.
“Caer en una dependencia material consumista nos impone una vorágine de trabajo que consume nuestra energía, y no nos queda absolutamente nada para las cosas de la felicidad. Yo creo que es demasiado superficialidad el enfoque que veo por aquí y por allá, para explicar el acontecer en la grades urbes y no escapa nuestra sociedad", opinó.
Y concluyó: "Quiero ponerme en guardia a las soluciones que aparecen como fáciles pero no tiene nada de fáciles”.
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