Blog de Raimundo Narciso para reprodução por extenso de textos referidos nos seus outros blogs: Puxa Palavra, Memórias e A Grande Dissidência
2011-05-15
2011-05-02
Salários de top no PSI 20
Os presidentes executivos das 20 maiores cotadas portuguesas viram o salário encolher 33 por cento durante o ano passado, em sintonia com o mais tímido crescimento dos lucros.
A remuneração total dos CEO ultrapassou os 15 milhões de euros, 34 por cento dos quais pagos em prémios, quando em 2009 o peso era de 47 por cento. Por dia, estes gestores ganharam 41.457 euros.
Zeinal Bava, da Portugal Telecom, foi o gestor mais bem pago e recebeu 1,4 milhões de euros num ano em que a PT aumentou os lucros 728 por cento, graças à venda da Vivo, que permitiu um encaixe de 5,5 mil milhões de euros. Tirou o lugar a António Mexia, líder da EDP, que em 2008 tinha recebido 3,1 milhões de euros devido ao facto de ter recebido prémios de desempenho acumulados de três anos. O CEO da EDP é, agora, o quinto executivo melhor remunerado do PSI 20.
A Galp pagou a Ferreira de Oliveira o segundo maior salário do índice bolsista (1,3 milhões de euros), mas o CEO não auferiu prémios. Face a 2009, a sua retribuição encolheu 15 por cento à custa de um corte na componente variável. Já o salário fixo manteve-se inalterado em 1,07 milhões de euros.
Na lista dos mais bem pagos, Ricardo Salgado, do Banco Espírito Santo (que tem uma nova política de remunerações), ocupa o terceiro lugar. Ganhou 1,2 milhões de euros e é um dos três executivos com maior peso do bónus no ordenado. Segue-se Paulo Azevedo, líder da Sonae, que ganhou 1,1 milhões de euros, 695 mil dos quais pagos como prémio.
Com crescimentos mais moderados, as cotadas retraíram-se na hora de pagar aos CEO. Os resultados líquidos do PSI20 atingiram os 10,2 mil milhões de euros, mas o lucro foi inflacionado pela alienação da posição da Portugal Telecom na Vivo, e a venda da participação da CCR por parte da Brisa.
Sem contar com estas operações, as cotadas conseguiram lucrar apenas mais 0,6 por cento o ano passado, atingindo os 4127 milhões de euros, sem interesses minoritários. Face aos lucros, os salários pagos em 2010 representaram 0,15 por cento (ver caixa).
Salário variável em queda
O peso dos prémios no bolo total passou de 47 por cento em 2009 para 34 por cento em 2010. E dos 20 gestores, oito não receberam bónus. Contudo, não significa que tenham auferido menos: a Inapa, liderada por José Félix Morgado, aumentou 15,3 por cento o ordenado fixo do CEO. Pelos cálculos do PÚBLICO, que se basearam nos relatórios e contas do PSI20, Zeinal Bava, Paulo Azevedo, Ricardo Salgado, Ângelo Paupério (Sonaecom) e Pedro Queiroz Pereira (Semapa) tiveram as remunerações variáveis mais elevadas, com valores que oscilaram entre os 553.599 euros e os 721.921 euros.
Ao mesmo tempo, oito CEO viram cair o seu salário total. A maior queda foi protagonizada por António Mexia (recebeu menos 66 por cento), seguido dos gestores que no ano passado lideraram a Cimpor. Ricardo Bayão Horta e Francisco Lacerda ganharam um total de 324.417 euros, menos 62 por cento.
Fora das contas da cimenteira portuguesa ficam ainda os valores recebidos por vários administradores a título de indemnização por terem deixado a empresa antes do final do mandato, como é o caso de Ricardo Bayão Horta, que aos 100,6 milhões recebidos até ao final de Abril juntou mais 820 milhões em compensações financeiras por sair antecipadamente. Em causa esteve uma forte recomposição accionista da Cimpor e a eleição de novos órgãos sociais.
Na Semapa, Pedro Queiroz Pereira auferiu perto de 984 mil euros, um decréscimo de 24 por cento, apesar de o lucro da empresa ter aumentado 60,7 por cento.
BCP, Brisa e REN sem bónus
Tal como no ano passado, Carlos Santos Ferreira, do BCP, não recebeu bónus e o seu salário total caiu 29 por cento. Na Brisa, e pelo segundo ano, Vasco de Mello, prescindiu de receber remuneração variável. O seu ordenado caiu dois por cento, para 483.181 euros, valor que inclui benefícios em complementos de reforma. O sector público também não teve direito a retribuição variável, por imposição governamental: Rui Cartaxo, CEO da REN, teve um salário de 340.151 euros, menos 0,45 por cento do que em 2009.
Na lista dos cinco presidentes executivos com o maior salário fixo, depois de Ferreira de Oliveira, António Mexia e Zeinal Bava, está Rodrigo Costa, o CEO da Zon que em 2010 ganhou 695.002 euros
As cotadas divulgaram em detalhe e de forma individualizada a remuneração dos presidentes e restantes administradores executivos pela primeira vez em 2009.
O tema é polémico e a imposição da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) continua a não agradar a todos. No seu relatório e contas, a Jerónimo Martins desabafa: "[O] melindre interno e externo que tal divulgação pode suscitar não contribui, na opinião do conselho de administração, para a melhoria de desempenho dos seus membros."
A remuneração total dos CEO ultrapassou os 15 milhões de euros, 34 por cento dos quais pagos em prémios, quando em 2009 o peso era de 47 por cento. Por dia, estes gestores ganharam 41.457 euros.
Zeinal Bava, da Portugal Telecom, foi o gestor mais bem pago e recebeu 1,4 milhões de euros num ano em que a PT aumentou os lucros 728 por cento, graças à venda da Vivo, que permitiu um encaixe de 5,5 mil milhões de euros. Tirou o lugar a António Mexia, líder da EDP, que em 2008 tinha recebido 3,1 milhões de euros devido ao facto de ter recebido prémios de desempenho acumulados de três anos. O CEO da EDP é, agora, o quinto executivo melhor remunerado do PSI 20.
A Galp pagou a Ferreira de Oliveira o segundo maior salário do índice bolsista (1,3 milhões de euros), mas o CEO não auferiu prémios. Face a 2009, a sua retribuição encolheu 15 por cento à custa de um corte na componente variável. Já o salário fixo manteve-se inalterado em 1,07 milhões de euros.
Na lista dos mais bem pagos, Ricardo Salgado, do Banco Espírito Santo (que tem uma nova política de remunerações), ocupa o terceiro lugar. Ganhou 1,2 milhões de euros e é um dos três executivos com maior peso do bónus no ordenado. Segue-se Paulo Azevedo, líder da Sonae, que ganhou 1,1 milhões de euros, 695 mil dos quais pagos como prémio.
Com crescimentos mais moderados, as cotadas retraíram-se na hora de pagar aos CEO. Os resultados líquidos do PSI20 atingiram os 10,2 mil milhões de euros, mas o lucro foi inflacionado pela alienação da posição da Portugal Telecom na Vivo, e a venda da participação da CCR por parte da Brisa.
Sem contar com estas operações, as cotadas conseguiram lucrar apenas mais 0,6 por cento o ano passado, atingindo os 4127 milhões de euros, sem interesses minoritários. Face aos lucros, os salários pagos em 2010 representaram 0,15 por cento (ver caixa).
Salário variável em queda
O peso dos prémios no bolo total passou de 47 por cento em 2009 para 34 por cento em 2010. E dos 20 gestores, oito não receberam bónus. Contudo, não significa que tenham auferido menos: a Inapa, liderada por José Félix Morgado, aumentou 15,3 por cento o ordenado fixo do CEO. Pelos cálculos do PÚBLICO, que se basearam nos relatórios e contas do PSI20, Zeinal Bava, Paulo Azevedo, Ricardo Salgado, Ângelo Paupério (Sonaecom) e Pedro Queiroz Pereira (Semapa) tiveram as remunerações variáveis mais elevadas, com valores que oscilaram entre os 553.599 euros e os 721.921 euros.
Ao mesmo tempo, oito CEO viram cair o seu salário total. A maior queda foi protagonizada por António Mexia (recebeu menos 66 por cento), seguido dos gestores que no ano passado lideraram a Cimpor. Ricardo Bayão Horta e Francisco Lacerda ganharam um total de 324.417 euros, menos 62 por cento.
Fora das contas da cimenteira portuguesa ficam ainda os valores recebidos por vários administradores a título de indemnização por terem deixado a empresa antes do final do mandato, como é o caso de Ricardo Bayão Horta, que aos 100,6 milhões recebidos até ao final de Abril juntou mais 820 milhões em compensações financeiras por sair antecipadamente. Em causa esteve uma forte recomposição accionista da Cimpor e a eleição de novos órgãos sociais.
Na Semapa, Pedro Queiroz Pereira auferiu perto de 984 mil euros, um decréscimo de 24 por cento, apesar de o lucro da empresa ter aumentado 60,7 por cento.
BCP, Brisa e REN sem bónus
Tal como no ano passado, Carlos Santos Ferreira, do BCP, não recebeu bónus e o seu salário total caiu 29 por cento. Na Brisa, e pelo segundo ano, Vasco de Mello, prescindiu de receber remuneração variável. O seu ordenado caiu dois por cento, para 483.181 euros, valor que inclui benefícios em complementos de reforma. O sector público também não teve direito a retribuição variável, por imposição governamental: Rui Cartaxo, CEO da REN, teve um salário de 340.151 euros, menos 0,45 por cento do que em 2009.
Na lista dos cinco presidentes executivos com o maior salário fixo, depois de Ferreira de Oliveira, António Mexia e Zeinal Bava, está Rodrigo Costa, o CEO da Zon que em 2010 ganhou 695.002 euros
As cotadas divulgaram em detalhe e de forma individualizada a remuneração dos presidentes e restantes administradores executivos pela primeira vez em 2009.
O tema é polémico e a imposição da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) continua a não agradar a todos. No seu relatório e contas, a Jerónimo Martins desabafa: "[O] melindre interno e externo que tal divulgação pode suscitar não contribui, na opinião do conselho de administração, para a melhoria de desempenho dos seus membros."
Carris: administração recebeu viaturas topo de gama em ano de buraco financeiro de 776,6 milhões. Carta de Marisa Moura
Exmos. Senhores José Manuel Silva Rodrigues, Fernando Jorge Moreira da Silva, Maria Isabel Antunes, Joaquim José Zeferino e Maria Adelina Rocha,
Chamo-me Marisa Sofia Duarte Moura e sou a contribuinte nº 215860101 da República Portuguesa. Venho por este meio colocar-vos, a cada um de vós, algumas perguntas:
Sabia que o aumento do seu vencimento e dos seus colegas, num total extra de 32 mil euros, fixado pela comissão de vencimentos numa altura em que a empresa apresenta prejuízos de 42,3 milhões e um buraco de 776,6 milhões de euros, representa um crime previsto na lei sob a figura de gestão danosa?
Terá o senhor(a) a mínima noção de que há mais de 600 mil pessoas desempregadas em Portugal neste momento por causa de gente como o senhor(a) que, sem qualquer moral, se pavoneia num dos automóveis de luxo que neste momento custam 4.500 euros por mês a todos os contribuintes?
A dívida do país está acima dos 150 mil milhões de euros, o que significa que eu estou endividada em 15 mil euros. Paguei em impostos no ano passado 10 mil euros. Não chega nem para a minha parte da dívida colectiva. E com pessoas como o senhor(a) a esbanjar desta forma o meu dinheiro, os impostos dos contribuintes não vão chegar nunca para pagar o que realmente devem pagar: o bem-estar colectivo.
A sua cara está publicada no site da empresa. Todos os portugueses sabem, portanto, quem é. Hoje, quando parar num semáforo vermelho, conseguirá enfentar o olhar do condutor ao lado estando o senhor(a) ao volante de uma viatura paga com dinheiro que a sua empresa não tem e que é paga às custas da fome de milhares de pessoas, velhos, adultos, jovens e crianças?
Para o senhor auferir do seu vencimento, agora aumentado ilegalmente, e demais regalias, há 900 mil pessoas a trabalhar (inclusive em empresas estatais como a "sua") sem sequer terem direito a Baixa se ficarem doentes, porque trabalham a recibos verdes. Alguma vez pensou nisso? Acha genuinamente que o trabalho que desempenha tem de ser tamanhamente bem remunerado ao ponto de se sobrepor às mais elementares necessidades de outros seres humanos?
Despeço-me sem grande consideração, mas com alguma pena da sua pessoa e com esperança que consiga reactivar alguns genes da espécie humana que terá com certeza perdido algures no decorrer da sua vida.
Marisa Moura
» Notícia que originou este meu mail em http://economia.publico.pt/Noticia/carris-administracao-recebeu-viaturas-topo-de-gama-em-ano-de-buraco-financeiro-de-7766-milhoes_1487820
Reproduzido a seguir
01.04.2011 - 10:03 Por PÚBLICO (Link)
A Carris alugou no ano passado quatro novas viaturas topo de gama para o seu presidente e administradores, suportando um valor de cerca de 4500 euros mensais com o aluguer dos veículos. A empresa pública, que tem 2010 teve capitais negativos de 776,6 milhões de euros, explica que a decisão cumpre o estabelecido pela Comissão de Fixação de Vencimentos
O relatório de contas da Carris de 2010, citado pela edição de hoje do “Correio da Manhã”, indica que o presidente da Carris, José Manuel Silva Rodrigues, e os vogais da administração Fernando Jorge Moreira da Silva, Maria Isabel Antunes e Joaquim José Zeferino receberam as quatro viaturas das marcas Mercedes, Audi e BMW no ano passado. A acrescentar a esta lista há a viatura da também administradora Maria Adelina Rocha, que conduz uma viatura paga pela empresa desde 2008.
Ao diário, a Carris indicou que os veículos foram “alugados em substituição de viaturas entretanto abatidas” e que “todas as viaturas estão regime de ALD [Aluguer de Longa Duração]”. De acordo com a empresa, o “valor mensal das rendas pagas, para as cinco viaturas, em 2010, foi de 4514 euros”, incluindo manutenção e seguro. O valor comercial das viaturas ronda os 176 mil euros. A empresa sublinha que o aluguer foi feito “em cumprimento escrupuloso do determinado pela Comissão de Fixação de Vencimentos”.
Esta semana foi divulgado que os capitais próprios da Carris estão negativos em 776,6 milhões de euros e que a administração da empresa pública teve um aumento nos vencimentos em 2010. O resultado líquido da Carris foi novamente negativo no ano passado, agravando-se para 42,3 milhões de euros.
Quanto aos custos com pessoal, a administração da Carris recebeu um total de 420.556 euros em 2010, traduzindo-se num aumento nos vencimentos dos cargos de topo de quase 33 mil euros em comparação a 2009, apesar dos cortes salariais decididos na administração pública. O presidente da Carris aufere mensalmente 6577 euros brutos. Cada vogal da administração 5727 euros.
Chamo-me Marisa Sofia Duarte Moura e sou a contribuinte nº 215860101 da República Portuguesa. Venho por este meio colocar-vos, a cada um de vós, algumas perguntas:
Sabia que o aumento do seu vencimento e dos seus colegas, num total extra de 32 mil euros, fixado pela comissão de vencimentos numa altura em que a empresa apresenta prejuízos de 42,3 milhões e um buraco de 776,6 milhões de euros, representa um crime previsto na lei sob a figura de gestão danosa?
Terá o senhor(a) a mínima noção de que há mais de 600 mil pessoas desempregadas em Portugal neste momento por causa de gente como o senhor(a) que, sem qualquer moral, se pavoneia num dos automóveis de luxo que neste momento custam 4.500 euros por mês a todos os contribuintes?
A dívida do país está acima dos 150 mil milhões de euros, o que significa que eu estou endividada em 15 mil euros. Paguei em impostos no ano passado 10 mil euros. Não chega nem para a minha parte da dívida colectiva. E com pessoas como o senhor(a) a esbanjar desta forma o meu dinheiro, os impostos dos contribuintes não vão chegar nunca para pagar o que realmente devem pagar: o bem-estar colectivo.
A sua cara está publicada no site da empresa. Todos os portugueses sabem, portanto, quem é. Hoje, quando parar num semáforo vermelho, conseguirá enfentar o olhar do condutor ao lado estando o senhor(a) ao volante de uma viatura paga com dinheiro que a sua empresa não tem e que é paga às custas da fome de milhares de pessoas, velhos, adultos, jovens e crianças?
Para o senhor auferir do seu vencimento, agora aumentado ilegalmente, e demais regalias, há 900 mil pessoas a trabalhar (inclusive em empresas estatais como a "sua") sem sequer terem direito a Baixa se ficarem doentes, porque trabalham a recibos verdes. Alguma vez pensou nisso? Acha genuinamente que o trabalho que desempenha tem de ser tamanhamente bem remunerado ao ponto de se sobrepor às mais elementares necessidades de outros seres humanos?
Despeço-me sem grande consideração, mas com alguma pena da sua pessoa e com esperança que consiga reactivar alguns genes da espécie humana que terá com certeza perdido algures no decorrer da sua vida.
Marisa Moura
» Notícia que originou este meu mail em http://economia.publico.pt/Noticia/carris-administracao-recebeu-viaturas-topo-de-gama-em-ano-de-buraco-financeiro-de-7766-milhoes_1487820
Reproduzido a seguir
01.04.2011 - 10:03 Por PÚBLICO (Link)
A Carris alugou no ano passado quatro novas viaturas topo de gama para o seu presidente e administradores, suportando um valor de cerca de 4500 euros mensais com o aluguer dos veículos. A empresa pública, que tem 2010 teve capitais negativos de 776,6 milhões de euros, explica que a decisão cumpre o estabelecido pela Comissão de Fixação de Vencimentos
O relatório de contas da Carris de 2010, citado pela edição de hoje do “Correio da Manhã”, indica que o presidente da Carris, José Manuel Silva Rodrigues, e os vogais da administração Fernando Jorge Moreira da Silva, Maria Isabel Antunes e Joaquim José Zeferino receberam as quatro viaturas das marcas Mercedes, Audi e BMW no ano passado. A acrescentar a esta lista há a viatura da também administradora Maria Adelina Rocha, que conduz uma viatura paga pela empresa desde 2008.
Ao diário, a Carris indicou que os veículos foram “alugados em substituição de viaturas entretanto abatidas” e que “todas as viaturas estão regime de ALD [Aluguer de Longa Duração]”. De acordo com a empresa, o “valor mensal das rendas pagas, para as cinco viaturas, em 2010, foi de 4514 euros”, incluindo manutenção e seguro. O valor comercial das viaturas ronda os 176 mil euros. A empresa sublinha que o aluguer foi feito “em cumprimento escrupuloso do determinado pela Comissão de Fixação de Vencimentos”.
Esta semana foi divulgado que os capitais próprios da Carris estão negativos em 776,6 milhões de euros e que a administração da empresa pública teve um aumento nos vencimentos em 2010. O resultado líquido da Carris foi novamente negativo no ano passado, agravando-se para 42,3 milhões de euros.
Quanto aos custos com pessoal, a administração da Carris recebeu um total de 420.556 euros em 2010, traduzindo-se num aumento nos vencimentos dos cargos de topo de quase 33 mil euros em comparação a 2009, apesar dos cortes salariais decididos na administração pública. O presidente da Carris aufere mensalmente 6577 euros brutos. Cada vogal da administração 5727 euros.
2011-05-01
Angelo Sodano ex- secretário de Estado da Santa Sé
O ex-número dois do Vaticano vive seus piores dias ao aparecer como um dos responsáveis pelo encobrimento da pedofilia.
O anterior secretário de Estado da Santa Sé, Angelo Sodano, de 82 anos, que foi um dos homens mais poderosos do Vaticano com João Paulo II, passou para um segundo plano ao deixar o cargo em 2006, embora seja decano do Colégio Cardinalício, mas seu nome reaparece cada vez mais por algo nada bom.
Com ele, está surgindo a parte escura do pontificado de Wojtyla, daquele que foi o "número dois" durante 14 anos e que personificava a Cúria mais palaciana e maquinadora. Na realidade, olhando para trás, mais do que o seu currículo, surpreende a simpatia de Sodano com alguns criminosos. De Pinochet a Maciel.
A reportagem é de Íñigo Domínguez, publicada no jornal Diario Vasco, 16-05-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A principal acusação contra o Vaticano no escândalo da pedofilia é a de ter encoberto os culpados nas últimas décadas. À medida que mais se fica sabendo, Bento XVI, então prefeito da Doutrina da Fé desde 1981, sai com uma imagem melhor, como alguém que tentou abordar de forma inflexível as denúncias, diante de outro setor da Cúria, mais poderoso, que optava por escondê-las.
Como Ratzinger disse, em 1995, amargurado, ao se ver impedido de agir no escândalo do cardeal de Viena, Hermann Groër, "venceu o outro lado". Ele confessou isso ao então cardeal Christoph Schönborn, que revelou isso para desmentir a suposta conivência de Bento XVI nos abusos. Mas Schönborn acrescentou, há uma semana, que "o outro lado" era capitaneado por Angelo Sodano, em uma disputa interna sem precedentes no Vaticano, que saiu à luz pública. Isso dá uma ideia das profundidades que a crise está removendo.
Mas a mácula mais grave de Sodano é a de ter sido o protetor do mexicano Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, ordem ultraconservadora potencializada por Wojtyla, que, no entanto, é agora considerado pela Santa Sé como "um delinquente sem escrúpulos". Após a investigação ordenada por Bento XVI, sabe-se que ele era um pedófilo, tinha duas mulheres, três filhos, mantinha três identidades diferentes e manejava fundos milionários. Havia denúncias contra ele no Vaticano, mas, graças a Sodano, foram engavetadas.
Doações por proteção
O jornal National Catholic Reporter, prestigiosa publicação católica norte-americana, publicou uma demolidora investigação que denuncia como Maciel havia comprado sua proteção em Roma com doações a Sodano e a outros pesos pesados da velha guarda de João Paulo II, como seu secretário pessoal, Stanislao Dziwisz, atual arcebispo de Cracóvia, e o espanhol Eduardo Martínez Somalo.
O jornal assegura que Maciel pagou a Sodano 10.000 dólares por uma palestra e lhe organizou um banquete de 200 convidados pela sua nomeação como cardeal em 1991. Maciel também contratou um sobrinho de Sodano, Andrea, engenheiro, para a construção da fastuosa universidade da ordem em Roma. Outra reputada publicação, America, dos jesuítas norte-americanos, reagiu assim: "Há um cardeal cuja cabeça deve rolar: Sodano".
É um ocaso inesperado para quem mandava tanto e, por exemplo, controlava uma boa bolsa de votos no último conclave. Mas, além disso, joga sombras sobre o mandato de João Paulo II que, de fato, já estão freando sua beatificação. Sodano, piemontês de boa família democrata-cristã, com seu pai deputado, era um dos tantos italianos vivos da Cúria que cresceram lentamente em Roma.
Ele começou na carreira diplomática e foi núncio no Chile durante a ditadura de Pinochet. Tinha com ele uma amistosa relação e foi um dos artífices da polêmica visita de João Paulo II ao país em 1987. Nela, ocorreu a famosa armadilha a Wojtyla (foto), pois lhe indicaram uma porta atrás de uma cortina e ele apareceu de repente com o ditador em uma sacada, onde os fotógrafos lhe esperavam.
No entanto, alguma coisa do carácter opaco e sinuoso de Sodano deve ter agradado João Paulo II, que lhe nomeou secretário de Estado em 1991. Em 1999, Sodano ainda se lembrava de seu amigo Pinochet e interveio em sua defesa "por razões humanitárias", quando ele foi detido em Londres. "A Santa Sé está na primeira linha quando se trata de defender os direitos do homem em qualquer área", alegou Sodano.
Em 1994, um delinquente bem próximo de Sodano, seu próprio irmão, Alessandro, foi condenado por corrupção na operação italiana Mãos Limpas. E foi ainda mais gritante, em 2008, o caso de seu sobrinho Andrea, o engenheiro. Ele era sócio de Raffaello Follieri, um executivo e playboy caloteiro que se fazia passar pelo representante do Vaticano nos Estados Unidos. Era jovem, milionário, amigo de Bill Clinton, e sua namorada era a atriz Anna Hathaway, até que foi pego pelo FBI e ficou preso durante quatro anos. Tiveram uma ideia curiosa para fazer dinheiro: comprar a um bom preço as propriedades imobiliárias das dioceses norte-americanas em falência por causa do escândalo da pedofilia.
Para ler mais:
•Depois do ataque de Viena, ''Sodano deve ir embora''
•Schönborn ataca Sodano: ''Ele não quis investigar Groër''
•O choque entre duas linhas do Vaticano
•O escândalo da pedofilia e o choque entre cardeais
•Cardeal de Viena acusa Sodano de encobrir abusos e impedir investigação
•Cardeal Schönborn ataca Sodano e exige reformas
•Vaticano, em busca de uma saída estratégica, se confia a Sodano
•Os mistérios não resolvidos da era Sodano
O anterior secretário de Estado da Santa Sé, Angelo Sodano, de 82 anos, que foi um dos homens mais poderosos do Vaticano com João Paulo II, passou para um segundo plano ao deixar o cargo em 2006, embora seja decano do Colégio Cardinalício, mas seu nome reaparece cada vez mais por algo nada bom.
Com ele, está surgindo a parte escura do pontificado de Wojtyla, daquele que foi o "número dois" durante 14 anos e que personificava a Cúria mais palaciana e maquinadora. Na realidade, olhando para trás, mais do que o seu currículo, surpreende a simpatia de Sodano com alguns criminosos. De Pinochet a Maciel.
A reportagem é de Íñigo Domínguez, publicada no jornal Diario Vasco, 16-05-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A principal acusação contra o Vaticano no escândalo da pedofilia é a de ter encoberto os culpados nas últimas décadas. À medida que mais se fica sabendo, Bento XVI, então prefeito da Doutrina da Fé desde 1981, sai com uma imagem melhor, como alguém que tentou abordar de forma inflexível as denúncias, diante de outro setor da Cúria, mais poderoso, que optava por escondê-las.
Como Ratzinger disse, em 1995, amargurado, ao se ver impedido de agir no escândalo do cardeal de Viena, Hermann Groër, "venceu o outro lado". Ele confessou isso ao então cardeal Christoph Schönborn, que revelou isso para desmentir a suposta conivência de Bento XVI nos abusos. Mas Schönborn acrescentou, há uma semana, que "o outro lado" era capitaneado por Angelo Sodano, em uma disputa interna sem precedentes no Vaticano, que saiu à luz pública. Isso dá uma ideia das profundidades que a crise está removendo.
Mas a mácula mais grave de Sodano é a de ter sido o protetor do mexicano Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, ordem ultraconservadora potencializada por Wojtyla, que, no entanto, é agora considerado pela Santa Sé como "um delinquente sem escrúpulos". Após a investigação ordenada por Bento XVI, sabe-se que ele era um pedófilo, tinha duas mulheres, três filhos, mantinha três identidades diferentes e manejava fundos milionários. Havia denúncias contra ele no Vaticano, mas, graças a Sodano, foram engavetadas.
Doações por proteção
O jornal National Catholic Reporter, prestigiosa publicação católica norte-americana, publicou uma demolidora investigação que denuncia como Maciel havia comprado sua proteção em Roma com doações a Sodano e a outros pesos pesados da velha guarda de João Paulo II, como seu secretário pessoal, Stanislao Dziwisz, atual arcebispo de Cracóvia, e o espanhol Eduardo Martínez Somalo.
O jornal assegura que Maciel pagou a Sodano 10.000 dólares por uma palestra e lhe organizou um banquete de 200 convidados pela sua nomeação como cardeal em 1991. Maciel também contratou um sobrinho de Sodano, Andrea, engenheiro, para a construção da fastuosa universidade da ordem em Roma. Outra reputada publicação, America, dos jesuítas norte-americanos, reagiu assim: "Há um cardeal cuja cabeça deve rolar: Sodano".
É um ocaso inesperado para quem mandava tanto e, por exemplo, controlava uma boa bolsa de votos no último conclave. Mas, além disso, joga sombras sobre o mandato de João Paulo II que, de fato, já estão freando sua beatificação. Sodano, piemontês de boa família democrata-cristã, com seu pai deputado, era um dos tantos italianos vivos da Cúria que cresceram lentamente em Roma.
Ele começou na carreira diplomática e foi núncio no Chile durante a ditadura de Pinochet. Tinha com ele uma amistosa relação e foi um dos artífices da polêmica visita de João Paulo II ao país em 1987. Nela, ocorreu a famosa armadilha a Wojtyla (foto), pois lhe indicaram uma porta atrás de uma cortina e ele apareceu de repente com o ditador em uma sacada, onde os fotógrafos lhe esperavam.
No entanto, alguma coisa do carácter opaco e sinuoso de Sodano deve ter agradado João Paulo II, que lhe nomeou secretário de Estado em 1991. Em 1999, Sodano ainda se lembrava de seu amigo Pinochet e interveio em sua defesa "por razões humanitárias", quando ele foi detido em Londres. "A Santa Sé está na primeira linha quando se trata de defender os direitos do homem em qualquer área", alegou Sodano.
Em 1994, um delinquente bem próximo de Sodano, seu próprio irmão, Alessandro, foi condenado por corrupção na operação italiana Mãos Limpas. E foi ainda mais gritante, em 2008, o caso de seu sobrinho Andrea, o engenheiro. Ele era sócio de Raffaello Follieri, um executivo e playboy caloteiro que se fazia passar pelo representante do Vaticano nos Estados Unidos. Era jovem, milionário, amigo de Bill Clinton, e sua namorada era a atriz Anna Hathaway, até que foi pego pelo FBI e ficou preso durante quatro anos. Tiveram uma ideia curiosa para fazer dinheiro: comprar a um bom preço as propriedades imobiliárias das dioceses norte-americanas em falência por causa do escândalo da pedofilia.
Para ler mais:
•Depois do ataque de Viena, ''Sodano deve ir embora''
•Schönborn ataca Sodano: ''Ele não quis investigar Groër''
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•Cardeal Schönborn ataca Sodano e exige reformas
•Vaticano, em busca de uma saída estratégica, se confia a Sodano
•Os mistérios não resolvidos da era Sodano
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