2005-05-09

A morte de Hitler no Portugal de Salazar

Um artigo muito interessante de António Melo no Público de 2005-05-08:

A morte de Hitler vista por "O Século" ...

O fim da guerra foi relatado de forma muito diferente pelo "O Século", o maior diário da época e entusiástico apoiante do Estado Novo, e pelo "República", o pequeno vespertino que sempre procurou dar voz às oposições. A vitória das democracias abriu então um período de esperança, pois muitos julgaram que a derrota das potências do "Eixo" arrastaria a queda de Salazar. Enganaram-se. E se a vitória aliada foi celebrada nas ruas, se o regime foi obrigado a convovar eleições, o seu carácter repressivo não desapareceu: só em 1945, já depois do fim da guerra, foram mortos mais quatro oposicionistas, um anarquista que morreu no Tarrafal e três comunistas, um deles Alfredo Dinis, morto por uma brigada na PVDE na estrada de Bucelas.

Quando "O Século", na edição de 3 Maio 1945, quinta-feira, noticiou na primeira página a morte de Hitler, titulou-a assim: "Morrendo no seu porto o Führer deixa a garantia da eternidade ao povo alemão". Segue-se o obituário, elaborado a partir de um jornal do partido nazi, "Front Blatt", onde se diz que ao escolher o suicídio, "Hitler entra na História não apenas como herói, mas como mártir". A foto mostra um Hitler solene a cumprimentar o almirante Doenitz, com o título a enunciar um inventado programa do sucessor no Reich moribundo: "Continuo o combate ao bolchevismo e terei de lutar com a Inglaterra e a América enquanto me impedirem a execução deste propósito".

O assunto continua na página 4, onde em subtítulo final se dá conta das "Manifestações fúnebres em Portugal". Aí se relata que "por motivo do falecimento do chefe de Estado da Alemanha, nos edifícios públicos e nos quartéis a bandeira nacional foi içada ontem a meia adriça, mantendo-se assim até amanhã, às 12 h.". Em Coimbra, diz-se no parágrafo seguinte, "foi colocada a bandeira a meia haste na Torre da Universidade. Os sinos dobraram a finados". Maximino Correia era o reitor. A 4 de Maio, sempre na primeira página, o tema é a morte de Goebbels, que mereceu ao jornal uma longa biografia a ocupar metade da página a duas colunas, com continuado na página 2. O título é como uma homenagem: "[Morreu] O dr. José Goebbels que foi durante anos a voz oficial da Alemanha nazi". A peça termina com um subtítulo recordando "a morte de Hitler" e duas linhas secas que dizem que "a Suécia não apresentou quaisquer condolências à Alemanha pela morte de Hitler".

A Suécia, tal como Portugal, era um país neutro. Há uma mudança súbita na edição de sábado, dia 5, onde as expectativas triunfantes do Reich se afundam diante das forças aliadas: "A guerra no ocidente da Europa terminou ontem. Renderam-se às tropas de Montgomery as forças alemãs do Noroeste do Reich".

Apesar da dimensão da derrota, logo por baixo, sempre na primeira página, o jornal ainda pretende ver uma saída honrosa para o regime nazi: "Em presença da derrota os dirigentes alemães iniciam uma política que recorda a seguida depois da guerra de 1914". Em subtítulo surge uma derradeira esperança: "As tropas alemãs continuam a combater encarniçadamente na frente Leste". A fechar a notícia um desejo tomado por realidade: "A coesão moral do povo e do Exército mantêm-se".O tom patético de um fim senão feliz, pelo menos de uma hipotética reviravolta no destino dos vencidos, ainda faz o título de primeira página no domingo, ao sugerir uma ruptura entre as forças aliadas: "Em nome da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos Eden e Stettinius recusam-se a continuar a discussão do caso polaco por terem sido presos os 16 chefes políticos da Polónia que tinham ido conferenciar à Rússia".

A primeira página de segunda-feira, remando ainda contra ventos mas já sem força para deter as marés, faz manchete com uma nota oficiosa do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE): "O Governo português retira o reconhecimento aos representantes diplomáticos consulares e oficiais da Alemanha por ali não existir um poder central regular". Esta retorcida formulação, que só Salazar seria capaz de engendrar, é publicada "ipsis verbis" em todos os jornais, incluindo no "República", o que deixa entender haver uma directiva para que a Comissão de Censura estivesse vigilante quanto à sua publicação. O comunicado oficial terminava com um surpreendente subtítulo, a revelar uma acuidade noticiosa ímpar, pois anuncia as reacções da imprensa norte-americana e brasileira, que só poderiam ser conhecidas no dia seguinte devido à diferença horária.

Num despacho atribuído à UP (United Press), toda a imprensa portuguesa proclama em uníssono que "os jornais norte-americanos publicaram com grande relevo a notícia [do MNE]". Acrescentam que a imprensa brasileira também dela se fez eco. O terceiro e último parágrafo conclui com esta pérola: "Todos os jornais americanos e brasileiros são unânimes em acentuar que Portugal é o primeiro país neutro na Europa que tomou tal atitude, reconhecendo que o Governo nacional alemão deixou de existir". Sintomaticamente é apenas neste dia, 7 de Maio, que n" "O Século" se dá conta pela primeira vez da existência dos campos de concentração nazis, com uma larga referência ao relatório da comissão parlamentar britânica, que de 20 a 22 de Abril fizera o levantamento desse horror. Mereceu o seguinte título-legenda para foto a três colunas, inserida em baixo, na primeira página: "Nunca a degradação humana atingiu um nível tão baixo".Foi precisa a rendição incondicional do Reich para que na terça-feira, 8 de Maio, a primeira página se rendesse, também ela, em manchete garrafal à vitória aliada: "A Alemanha rendeu-se sem condições aos Exércitos aliados".

As manifestações populares de regozijo foram severamente censuradas e aparecem escondidas na página 2, entre a publicidade aos espectáculos teatrais, paginadas a duas colunas, sem foto, sem arranjo gráfico e sem rasgo: "Lisboa embandeirou e o entusiasmo sobretudo na Baixa assinalou-se por manifestações". O acontecimento, porém, assumiu tais dimensões que o jornal sentiu obrigação de voltar a ele nas "Últimas Notícias". Mas deu-lhe a volta e transformou as celebrações populares numa demonstração de apoio ao regime: "Durante a noite realizaram-se entusiásticas manifestações em honra das Nações Unidas e do sr. dr. Oliveira Salazar".

No dia seguinte, 9 de Maio, com mão de chumbo, regressou a normalidade. A primeira página ocupa-se apenas do discurso que Salazar fez na Assembleia Nacional celebrando a sua política durante a II Guerra. Na última página prossegue a descrição do horror dos campos de concentração nazis, com base no relato da comissão parlamentar britânica, desta vez o de Auschwitz: "3 500 000 mortos de Outubro de 1942 a Janeiro de 1945 no horrível campo de Auschwitz, pior do que os de Buchenwald e de [Bergen] Belsen" Gradualmente o noticiário sobre a II Guerra Mundial foi sendo relegado para segundo plano na primeira página n" "O Século", com uma excepção: as primeiras páginas das edições de 18 e 19 de Maio foram completamente dedicadas à manifestação de gratidão a Salazar, no Terreiro do Paço, por ter mantido Portugal neutral.

4 comentários:

Anónimo disse...

o meu comento sobre esta storia em portugues e'que nao mi sabe a resposta a mea maiora pedida qual e'..."ERA ADOLFO HITLER UM AGICO AO PORTUGAL E OS POVOS PORTUGUESES DURANTA A GUERRA MODIAL 11 ?" POR ISSO, NAO FOSSE INFORMACAO OU SABER NO ARTICULO QUE PODE DARMI UM SENSO AOS NAZIS SE OS LUSOS-PORTUGUESES SAO CONSIDERADOS COMO OS EBREUS NA EUROPA EM QUE PORQUE NAO ESTAMOS "TIPOS-ARIANOS" ESTAMOS AS PROXIMAS GENTES DE AFRONTAR HOMICIDIDO EM MASSA AS MAOS DOS ALEMAOS POR CAUSA DE INFERIORADE RAZIAL NOS OJOS DO REGIME NAZISTA,PORQUE NAO SAO DO GENERO-NORDICO SEGUNDO O PLANO NAZISTO E SOBRE A LISTA PARA EXTERMINACAO EVENTUALMENTE QUANDO ILHES SAO EM CONTROLO DO MUNDO ?

Anónimo disse...

ADOLFO HITLE AO MEU VER NÃO E HEROI ERA APENAS UM LOUCO ASSASSINO COM SEDE DE SANGUE ERA A ENCARNAÇÃO DO PROPRIO DEMONIO ELE FOI COVARDE EM SE ENFORCAR A MORTE DELE ERA PRA SER DEVAGAR CORTANDO ELE EM PEDAÇOS PARA ELE VER O QUE ERA SOFRIMENTO.

DESCUPE-ME PELO MEU DESABAFO QUE DEUS ME PERDOE

Anónimo disse...

Senão fosse os massacres contra os direitos humanos era o melhor politico da alemanha de sempre e agora a Europa estava noutro nível de bem estar e espiritualidade. O facto é que o acordo com os Judeus era para criar o Estado de Israel e Hitler foi na onda do acordo com os Judeus ingleses e Internacionais mas os ingleses resolveram seguir os plano escrito que era preciso fazer sacrificios para a causa judaica e apesar de Hitler ter enviado um emissario para coordenar a criação do estado de Israel dava mais jeito ser assim, de outra forma, e esteve esse emissa´rio preso até à morte porque interesses maiores estavam primeiro. Assim seja. Hitler era estupido e foi na onda de quem sabia mais do que ele. Um Ingénuo. E depois ainda cometeu as atrocidades que se sabem. Enfim, uma oportunidade perdida para o mundo.

Anónimo disse...

Os Estados Ibericos fizeram na sua historia 2 perssupostos que seriam 2 autenticas pretenções Nazis e Alemães genero sonhos;
1º Portugal e Espanha conseguiram durante o periodo da Inquisição eliminar quase na totalidade com a cultura Judaica na penisula, eu continuou achar que o anti-semitismo era mais uma questão cultural do que Racica o que não faltam são judeus Louros de Olhos azuis e Alemães principalmente Bavaros morenos e baixos como é um exemplo do proprio do Austriaco Hitler;
Portanto ao contrario de quase toda a Europa Central e Oriental onde o Judaismo era mesmo uma cultura presente solidificada em muitas populações Europeias na Penisula Iberica ela é era praticamente inexistente, prova disso é que eu não conheci nenhum Judeu português e vivo e nasci em Portugal desde de sempre e mais as minhas avós e Bisavós tambem não, ok existem os eternos Idealistas que vem com a historia das ascendencias geneticas e as eternas arvores geneologicas e aquelas probablidades de os portugueses terem origem Genetica Judaica mas ate nesse aspecto a ciencia vem repor a verdade e acabar com certas fantasias cientificas em 2004 com a descoberta do Marcador Genetico M343 a Genetica vem por a Nu a verdade que diz que os portugueses tem total ou quase total ascendencia ocidental sendo minimas e pouco significantes as influencias Judaicas e pasme-se mesmo Norte Africana, portanto o Judaismo em Portugal é uma raridade quer do ponto de vista cultural como Genetico sendo assim um Estado um pais "bem visto" para os Alemães;
2ºPortugal e Espanha compriram aquilo que a Alemanha e o seu aliado Japones idealizavam que era dividir o Mundo ao Meio Literalmente;
Isto para dizer o quê... o papel de Portugal na 2ª grande guerra ao contrario do que o Povo portugues tanto gosta não foi nem era um papel de coitadinho ou de desgraçadozinho na 2ª grande guerra Portugal alinhava quase assumidamente com os maus da Fita e isso foi evidenciado por varios Sinais; 1º a propria Igreja Catolica predominante no sul da alemanha,austria e Italia que assumia já uma politica pro-alemã como seria de se esperar;2º o proprio Salazar que assumiu a propraganda Fascista com facilidade aliado natural de Franco admirador do Fascismo Italiano, proprio ditador que não reconheceu o Holocausto e condenou Aristides Sousa Mendes a personna non Grata do regme;3º a propaganda alemã presente fortemente em Portugal ate 1944 dito por pessoas que viveram essa altura;alias as visitas da Juventude Hitlariana a Portugal era muito frequente bem como a Mocidade portuguesa deslocou-se muitas vezes a Baviera em visitas frequentes;
Portanto julgo que a suposta Invasão de Portugal nem se coloca qualquer tipo de resistencia o Estado Portugues ja tinha dado sinais que estaria preparado para essa situação e olhar a invasão de Portugal indepedentemente da Espanhola não faz nenhum sentido, Portugal e Espanha agiram sempre como um bloco e iriam continuar a agir e penso que se Portugal e Espanha fossem invadidos e ocupados pelos alemães Salazar iria continuar no Poder, julgo q nesse contexto a aliança com Inglaterra seria totalmente descartada alias o proprio regime deu claros sinais disso muitas e muitas vezes ate porque Salazar tinha um certo desprezo pela propria cultura e estilo de vida Norte Americana, portanto penso q no aspecto da 2ª Grande Guerra Portugal e os portugueses não podem vestir a pele de coitadinhos desgraçadinhos e de bozinhos...pois as circunstancias e os sinais da historia dizem-nos exactamente o contrario.
Portanto penso que a penisula Iberica era vista pelos Nazis como um exemplo e pouco ou nada tinha a haver com algo Hebraico antes pelo contrario... os Estados Latinos e Catolicos europeus Portugal-Espanha-Italia eram pro-alemães e pro-nazis ainda esta uma certa missão oculta de guerra santa catolica inserida nestes povos que quem so os conhece os pode compreender.
cumps