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"DE QUEM SÃO OS BANCOS CENTRAIS ?
Num recente debate televisivo a propósito da pretensão do PSD de privatizar a Caixa Geral de Depósitos (CGD), um dos defensores desta solução dizia que bastava um banco Público (do Estado), como era o Banco de Portugal, pelo que se podia perfeitamente vender a CGD.
Lamentavelmente, nenhum dos presentes no debate foi capaz de demonstrar que as funções de um Banco Central nada têm a ver com o restante sistema bancário, onde se insere a CGD.
Acresce que sobre a propriedade dos Bancos Centrais na maior parte dos países ocidentais, como é o caso do Banco d´Itália, Deutsche BundesbanK, Banque de França, Banco de Inglaterra, FED (Reserva Federal dos EUA) ou do próprio Banco Cental Europeu, existe uma grande mistificação sobre quem é o detentor do seu capital, tentando-se fazer passar a ideia de que são dos respectivos Estados ou da União Europeia no caso do BCE.
A realidade, que tem sido omitida deliberadamente, é a de que estes Bancos Centrais são o que se pode dizer “semi-privados”, pois os respectivos Estados têm uma percentagem muito reduzida do seu capital, desempenhando no entanto funções públicas de Regulador do sector financeiro e o Estado nomear o seu Governador, sendo os outros membros da Administração nomeados pelo conjunto dos accionistas privados.
O Banco de Portugal é uma das excepções a este panorama, o mesmo que era privado desde 1887, foi nacionalizado em 1974 com o 25 de Abril, mantendo somente a função de Regulador e emissor de moedas e notas, agora por indicação do BCE, cometendo a função de “criar dinheiro” aos bancos privados, onde no caso português se inclui a CGD.
A quem possa fazer confusão o papel que cabe aos bancos privados de “criar dinheiro” a partir de um pedido de empréstimo bancário, e aos Bancos Centrais a função de cunhar moeda e imprimir notas, aconselho a consulta dos seguintes ficheiros video.1, vídeo.2, video.3, video.4, video.5, que constituem a descrição mais clara e objectiva que já vi, da forma como o sistema Bancário Privado cria dinheiro, em seu exclusivo proveito.
Este tem sido um dos segredos mais bem guardados, ao não revelarem ao público a verdadeira origem do dinheiro, e desta forma assegurar o poder dos banqueiros no controlo da economia.
O papel dos Bancos privados nos Bancos Centrais começou a ser largamente divulgado na blogosfera após o banco d`Itália ter colocado na NET a lista das instituições financeiras que detêm as quotas de participação neste banco e quem tem direitos de voto, que pode consultar aqui.
Refira-se que do conjunto de participações, o Estado Italiano tem somente 17.000 quotas num total de 300.000 que constitui o capital do Banco, e 42 votos entre 539 ou seja, menos de 10%.
Com o Banco Central Europeu ocorre o mesmo pois este Banco não é da União Europeia, mas sim dos 17 Bancos Centrais da UE que na sua quase totalidade são semi-privados, mas que na base do Tratado de Lisboa em 2009 passou a constituir formalmente uma Instituição Europeia.
Se olharmos para as notas de euro ou do dólar, vemos que são emitidas pelo BCE e não pela UE e o dólar pelo FED e não pelo Tesouro dos EUA, mas cujo dinheiro gerado é apropriado pelos bancos privados dos respectivos países, como se demonstra nos vídeos atrás citados, que descrevem a forma técnica e administrativa que na modernidade fundamentam a emissão do dinheiro, ajudando a compreender o mundo nebuloso que tem levado toda a economia a uma grande dependência do sector financeiro.
Voltando à questão inicial, se o actual governo do PSD/CDS concretizar a venda da CGD, venderá o único Banco que é na sua totalidade do Estado e gerador de meios financeiros (dinheiro), que lhe permite apoiar estruturas económicas que se considerem estratégicas para o país mas não sejam geradoras de significativas mais valias financeiras.
A Itália decidiu reintroduzir uma taxa sobre operações financeira que tinha abolido em 2007, escandalosamente, e a Comissão Europeia acaba também de anunciar a intenção de taxar as operações financeiras para reforçar directamente o seu orçamento.
Perante a pressão da opinião pública, a Itália vai também aumentar para 35% o imposto sobre os Bancos
O nosso País para ultrapassar as dificuldades que tem deverá assumir posições deste tipo, e não vender activos no sector gerador de dinheiro ou seja, “cuidar da galinha e comer os ovos, em vez de vender a galinha”. "